Rheabiotech (2013)

Tecnologia da Unicamp produz anticorpos que evitam perdas na lavoura

Texto: Adriana Arruda

Foto: Felipe Christ

O aluno de mestrado Marcel Salmeron Lorenzi, sob orientação da professora doutora Dagmar Ruth Stach-Machado do Laboratório de Imunologia Aplicada do Departamento de Biologia Celular Estrutural e Funcional do Instituto de Biologia da Unicamp, desenvolveu os materiais biológicos “soro policlonal PVX” e “soro policlonal PVY”, que foram licenciados para a empresa Rheabiotech em 2013. Estes anticorpos permitem a detecção dos Potato Vírus X e Potato Vírus Y respectivamente, patógenos que costumam atingir culturas de batatas brasileiras.

De acordo com Luís Antonio Peroni, sócio diretor da Rheabiotech e também participante na pesquisa da tecnologia licenciada, a intermediação da Agência de Inovação Inova Unicamp no processo de licenciamento foi importante. “A Inova possibilitou a aproximação dos pesquisadores com os sócios da empresa e auxiliou na negociação e no entendimento dos benefícios envolvidos. Também ajudou na sugestão e redação dos contratos”, completa. Para Marcel, a Inova foi responsável por fazer a interação entre os dois segmentos e deu todo o amparo para a realização do licenciamento e do termo de partilha.

Segundo a professora Dagmar, a tecnologia desenvolvida “consiste na obtenção de soro imune para partículas virais purificadas ou peptídeos antigênicos que infectam plantas como a batata”. No Brasil, a batata é considerada uma das principais hortaliças produzidas, tanto em área plantada quanto em consumo. A produção anual é em torno de dois milhões de toneladas, ocupando uma área superior a 130 mil hectares. Nos últimos anos, a bataticultura brasileira vem sofrendo perdas significativas devido ao aumento da incidência de viroses principalmente provocadas pelo vírus Y da batata (Potato virus Y – PVY). Além disso, o vírus PVX pode representar um grande problema quando em associação com o PVY. “É um vírus cosmopolita, sendo transmitido mecanicamente e caracterizado por mosaico leve nas folhas, mais visíveis na metade inferior da planta”, explica Marcel.

Cientes deste problema, os pesquisadores encontraram a solução para evitar perdas na lavoura. “Os objetivos foram otimizar o controle fitossanitário com antissoros policlonais nacionais de alta qualidade para o PVX e PVY, reduzir custos e tornar o material mais competitivo frente ao importado já existente utilizado para os testes”, coloca Marcel. O aluno explica que o intuito foi estabelecer técnicas com maior poder de detecção e de maior segurança e confiabilidade. De acordo com Marcel, a equipe já vislumbrava uma oportunidade de mercado na pesquisa acadêmica. “O laboratório da professora Dagmar conduz pesquisas aplicadas cujo intuito é aliar o desenvolvimento acadêmico com resultados e retorno na prática. Isso, por consequência, agrega valor e oportunidade de mercado para as tecnologias desenvolvidas nos trabalhos acadêmicos”.

Segundo Peroni, “os anticorpos individualmente possuem potencial de mercado e uma estratégia de marketing será implementada para a comercialização do produto em breve”, conclui.

Sobre a Rheabiotech Ltda

A Rheabiotech D.P.C. de Produtos de Biotecnologia Ltda foi fundada em 2008 e está localizada na cidade de Campinas com seu laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento. Atua na produção de anticorpos monoclonais, soros policlonais e anticorpos secundários conjugados. Iniciou em 2013 o desenvolvimento de proteínas recombinantes e a prestação de serviços nas áreas de imunohistoquímica, western blot e ELISA Quantitativo. Tem como missão estabelecer a ponte entre a pesquisa realizada nas universidades e o mercado potencial, desenvolvendo e aprimorando as tecnologias para atender as necessidades do cliente final.