Tecnologia para prevenir e tratar Retinopatia Diabética é vencedora do Prêmio Empreenda Saúde

Texto: Carolina Octaviano

Foto: Pedro Amatuzzi

Alternativa não invasiva para o tratamento e prevenção da retinopatia diabética, colírio desenvolvido a partir de uma parceria entre a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e a Faculdade de Engenharia Química (FEQ) foi o grande vencedor do Prêmio Empreenda Saúde, iniciativa da Fundação Everis e do Hospital Sírio-Libanês que tem como principal objetivo o incentivo ao empreendedorismo e à inovação, reconhecendo tecnologias com potencial de aplicação na área da saúde.

Recentemente licenciada, a tecnologia ainda precisa de um desenvolvimento complementar e da realização de testes em humanos, além da aprovação de órgão como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde, antes de ser oferecida e, efetivamente, comercializada como fármaco. Por isso, não é possível prever quando a tecnologia estará disponível no mercado.

Contudo, a tecnologia já foi testada em ratos de laboratório experimentalmente diabéticos, obtendo resultados promissores. Neste estudo in vivo, não foram observados efeitos adversos.  “Em modelos animais experimentais, o uso do colírio apresentou importantes efeitos neuroprotetores da retina em animais diabéticos avaliada por eletrorretinografia”, conta Jaqueline Mendonça de Faria, responsável pela parte médica da tecnologia. Atualmente, ela está à frente da startup que licenciou a tecnologia e que irá comercializa-la para a indústria farmacêutica. No desenvolvimento da tecnologia, a professora Maria Helena Andrade Santana, da FEQ, foi responsável pela parte de engenharia do processo de produção. A aluna de pós-graduação Aline Borelli Alonso (FEQ)  e a pesquisadora Mariana Aparecida Brunini Rosales (FCM) também participaram do desenvolvimento da tecnologia.

“Saber que tecnologias da Unicamp são bem aceitas e bem vistas no mercado é uma satisfação imensa. Outro ponto de muito orgulho é que, com o apoio da Agência de Inovação da Unicamp, a pesquisadora pôde desenvolver a tecnologia e que agora vai disponibiliza-la no mercado, trazendo uma nova perspectiva para a população acometida com a doença”, avalia o professor Newton Frateschi, diretor-executivo da Agência. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, a Retinopatia é, hoje, a principal causa de cegueira irreversível em pessoas na faixa de 20 a 74 anos.

Próximos passos: da Unicamp para o mercado

Além dos trâmites legais que envolvem o lançamento de um novo fármaco no mercado, são necessárias novas pesquisas para que, efetivamente, o colírio possa ser comercializado como um novo medicamento.  “Existe a necessidade de um desenvolvimento posterior da tecnologia. Inclusive, há, na própria Unicamp, pesquisadores e laboratórios que podem, por meio da formalização de parcerias, auxiliar neste estágio de desenvolvimento complementar”, aponta Iara Ferreira, diretora de Parcerias da Inova Unicamp.

Um dos desafios da pesquisa é, justamente, a produção em maior escala para a indústria farmacêutica. “As pesquisas devem convergir para o uso de matérias primas de alto grau de pureza, estabilidade do produto, escalonamento da produção para testes em uma maior população de animais e, posteriormente, em humanos”, completa a professora Maria Helena.

 

Um método menos abrupto para o paciente

Um dos grandes diferenciais da tecnologia obtida na Unicamp é o fato de não ser invasiva. Atualmente, o tratamento da doença, que surge no paciente diabético quando o excesso de glicose no sangue provoca danos nos vasos da retina e que pode levar à cegueira, pode ser por meio de cirurgia, fotocoagulação com laser e injeção intravítrea. Estes tratamentos não apresentam efeitos permanentes, sendo, portanto, necessárias repetições do procedimento periodicamente.

A formulação farmacêutica contida no colírio permeia as barreiras oculares, permitindo que o princípio ativo seja liberado aos poucos. Por ser em apresentação tópica, vale lembrar que não oferece riscos aos pacientes. “O uso do colírio facilitaria a administração do fármaco sem os riscos do procedimento intraocular ou dos danos irreversíveis da foto coagulação a laser na retina”, conclui Jacqueline.