Corporate Venture: conexões para inovar

Captura de tela do webinar Corporate Ventures com os convidados do evento

Corporate Venture: conexões para inovar

O webinar organizado pela Inova Unicamp e pelo grupo Unicamp Ventures reuniu startups e grandes corporações para falarem dos benefícios do Corporate Venture

Texto: Caroline Roxo

No ecossistema inovador é muito importante promover conexões que possam gerar novas ideias e, principalmente, negócios. Entre essas ações de conexão, cada vez mais grandes corporações investem em Corporate Venture, ou seja, aproximação com startups e outros agentes de inovação, promovendo dessa forma a inovação aberta.

As experiências de algumas startups e corporações nessa relação foram compartilhadas no webinar da última quinta-feira, organizado pela Agência de Inovação da Unicamp (Inova) e pelo grupo de empreendedores Unicamp Ventures. Segundo Mabel Alvarado, sócia da empresa-filha da Unicamp Alcance Innovation Consulting que palestrou o que é Corporate Venture, a inovação aberta é um programa de interação que grandes corporações desenvolvem com startups, empresas e instituições desenvolvedoras de ciência e tecnologia:

“Com o crescimento desse conceito de inovação aberta, viu-se que a interação com outros atores do sistema era produtiva para fazer a aceleração das inovações”, afirmou Alvarado.

O evento que reuniu 145 pessoas online, simultaneamente, abordou sobre essas interações de grandes corporações com startups, trazendo a participação de empresas-filhas incubadas ou graduadas na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e de corporações que apostam nessa conexão como forma de ativar a criação de novas ideias. A gravação pode ser assistida pelo canal do youtube da Inova Unicamp.

Experiências de startups com Corporate Venture

O primeiro exemplo de relacionamento com corporações apresentado no webinar foi da startup Carga 24 horas. Eles fecharam uma parceria com a MicroPower para unir a expertise da empresa com marketing e tecnologia, uma ausência dentro da equipe do Carga 24 horas e que foi suprida com a parceria entre a startup e a empresa. Em um intervalo de tempo praticamente concomitante à interação com a MicroPower, eles se inscreveram e foram selecionados no Stellantis Challenge FIEMG Lab da Fiat, programa que impulsionou os benefícios da outra parceria e estimulou ainda mais o desenvolvimento da startup. 

A Carga 24 horas, incubada na Incamp, é uma plataforma online de marketplace que conecta embarcadores, transportadoras e destinatários, e encontrou diversos benefícios nas interações. “Além de ter sido produtiva, a conexão que tivemos com a empresa e com o programa da Fiat estimulou a maturidade da nossa startup. Gerou sinergia, adequações nas reais necessidades do mercado e intensificou a nossa visibilidade no mercado”, expôs Ricardo Soeltl, fundador da startup.

Marcílio Caetano, diretor-executivo da Tau Flow, startup graduada na Incamp, compartilhou quatro exemplos de interações que tiveram com corporações, nas quais eles foram responsáveis por levar soluções de mercado a essas empresas. Um dos exemplos apresentado pelo diretor-executivo, envolvendo a empresa Loreal, evidencia o crescente interesse de grandes corporações em conhecerem inovações que estão em ascensão no mercado.

“Essa parceria começou quando fomos convidados para um stand da Loreal em que eles chamaram dez outras startups para também apresentarem seus produtos e serviços. Eles passavam por cada stand e analisavam se aquela inovação proposta pela startup encaixava em suas necessidades”, contou Caetano.

Esse exemplo representa o espaço que as startups possuem em trabalharem em conjunto com essas empresas. “Alguns empreendimentos já possuem em seu DNA a inovação, então são mais suscetíveis a conhecerem novas soluções e novas ideias de serviços”, comentou Caetano.

Apesar das vantagens dessas conexões, o diretor-executivo da Tau Flow também advertiu para algumas interações que podem “oferecer oportunidades fantasiosas ou em desvantagem para as startups”. De acordo com algumas experiências vivenciadas por ele, já houve casos da Tau Flow desenvolver todo um modelo de negócio na participação de um programa de interação, ser selecionada para a execução e não ocorrer o negócio. 

“A relação com outros empreendimentos precisam ser muito bem costuradas. É necessário estar atento a toda a documentação no processo de inovação das grandes indústrias, pois exige um esforço grande, dedicação forte e, às vezes, todo esse esforço não é recompensado”, alertou o empreendedor sobre a necessidade de verificar se realmente é uma vantagem para a startup entrar nos programas de corporate ventures das corporações, que devem ser avaliados caso a caso.  

Inovação aberta: a busca de grandes corporações  

A inovação aberta é um modelo de negócio que gera resultados interessantes para todos os lados envolvidos no processo. No caso da parceria entre empresa e startup, os ganhos são garantidos em ambas as partes, pois as grandes empresas que apostam nesse programa se colocam em contato com novas inovações do mercado, já as startups conseguem acesso a recursos que não possuem no momento ou ainda podem se tornar fornecedoras. No entanto, a inovação aberta também é feita entre as empresas e outros agentes precursores de inovação.

Renato Luzzardi, que trabalha com parcerias de inovação e P&D na Bayer, mostrou alguns dos programas de interação com foco em inovação da multinacional. De acordo com Luzzardi, o processo de inovação aberta da Bayer é feito por meio de interação com pesquisadores, universidades, hubs de inovação e startups. A exemplo da parceria de cooperação que a Bayer estabeleceu com a Unicamp.

“A Bayer apresenta planos de sustentabilidade estabelecidos e, para conseguirmos alcançar essas metas, buscamos interações com diversos agentes de inovação. Podemos oferecer uma variedade muito grande de oportunidades, desde as demandas internas nas áreas de P&D, como também soluções para nossos clientes e negócios”, contou Luzzardi. 

A gigante da tecnologia 3M, representada no evento por Renata Decourt Perina, líder de inovação e serviços de laboratório digital na América Latina, combina a inovação desenvolvida dentro da empresa com os insights do mercado. “Estabelecemos uma conexão com o ecossistema inovativo, não somente com startups, mas com todo o ecossistema inovador, incluindo universidades, docentes, estudantes, e demais agentes”, explicou Decourt Perina.

Esse foco em inovação da 3M é estimulado desde a cultura da empresa até aos modelos de engajamento estabelecidos por eles em seus processos de parcerias. Decourt Perina apresentou oito projetos que a 3M desenvolveu com startups desde 2017, demonstrando que possuem programas para atraírem essas interações, a exemplo do programa 3Match. 

Solvay é outra gigante no mercado que também possui “em seu DNA a inovação”. Representada por Kelly Bertucci, especialista em projetos de tecnologia e inovação, ela comentou sobre a cultura inovativa da empresa, que iniciou-se desde a sua governança, a fim de preparar os colaboradores para receberem os parceiros de inovação. “Estimulamos esse método de interação e oferecemos até mesmo feedbacks para os inscritos, pois queremos estimular e fortalecer cada vez mais a cultura de inovação no mercado empresarial”, afirmou Bertucci.

Sobre o Unicamp Ventures

O grupo Unicamp Ventures é uma rede de relacionamento e colaboração formada por empreendedores ligados à Unicamp, com a missão de conectar as empresas-filhas da Universidade e potencializar o sucesso dessa comunidade. Anualmente, o grupo promove uma série de webinars com temas relevantes para o ecossistema empreendedor.

Organização: Inova Unicamp e Unicamp Ventures.

Patrocínio: Alcance

Assista ao webinar no vídeo abaixo:

https://youtu.be/vwHVfC6sWF8