Equipamento desenvolvido na Unicamp beneficia o plantio de algodão e cana-de-açúcar

Foto colorida mostra o pesquisador Daniel, um homem branco de meia idade, com cabelos curtos, barba rente à pele grisalha, veste óculos , camisa azul e posa para foto agachado ao lado do equipamento agrícola que parece um tripé acoplado a um equipamento motorizado com rodas . Fim da descrição
Inovação garantiu novas parcerias comerciais para a empresa licenciada e os pesquisadores do projeto.

Esta reportagem compõe a série Prêmio Inventores | Texto: Carolina Goetten* | Foto: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

Um equipamento desenvolvido na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp pode contribuir para processos mais eficientes na agroindústria. Trata-se de um destruidor de soqueiras, máquina que opera a destruição de restos culturais agrícolas, tais como as restevas (vegetação rasteira e seca) e raízes. A patente da tecnologia foi concedida para a Unicamp pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 2017 e a tecnologia foi licenciada, com o auxílio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a empresa Jima Consultoria e Gestão Empresarial em 2021. 

Os inventores da tecnologia são os professores e pesquisadores da Feagri Daniel Albiero e Antonio José da Silva Maciel, falecido em 2016. O apoio de Albiero no processo da negociação neste licenciamento foi destacado pela diretora de Parcerias da Inova Unicamp, Iara Ferreira.

“Esse apoio técnico do inventor aos analistas de inovação da Inova, resultou em uma negociação que conseguiu atender as expectativas da Unicamp e da empresa, de forma rápida, segura e tranquila”.

Albiero explica que o equipamento pode trazer diversos benefícios para a condução de culturas como o algodão e a cana-de-açúcar e pode ser utilizada para além da destruição de soqueiras, com o desenvolvimento ampliado com foco em outras funções em outros tipos de cultivos. 

“Temos versões alternativas para semeadura de sementes, plantio de mudas e também distribuição de fertilizantes e corretivos”, descreve o inventor.

Na versão original, licenciada para a Jima, o equipamento é acoplado ao trator e utilizado após o corte e a colheita das culturas para destruir restevas e raízes remanescentes do plantio. O professor conta que muitas culturas, como a cana-de-açúcar e algodão, necessitam que suas soqueiras sejam destruídas antes do período do plantio para que não interfiram nas novas touceiras. 

Assim, evita-se que ocorra competição por nutrientes e a presença de pragas e doenças no plantio. A destruição das soqueiras mobiliza apenas a área da superfície, com isso a próxima geração de plantas cultivadas é protegida, pois, reduz-se o número total de operações, que podem agredir o solo, além de economizar tempo e energia

“Normalmente, a destruição da soqueira é uma operação cara, mas se torna viável por meio da estrutura baseada na inovadora ferramenta de preparo do solo com paraplow rotativo. Na nossa invenção, tudo isto acontece com uma eficiência energética de 98% para o uso da energia que provém do motor do trator através da tomada de potência (TDP). Em outros sistemas, a eficiência é de no máximo 50%”, argumenta Albiero. 

A estrutura viabiliza, ao mesmo tempo, a descompactação do solo e prepara uma cama de sementes ideal para o plantio. Outro benefício é a geração de fissuras laterais, que levam à maior infiltração da água e minimizam problemas de erosão.

Perspectivas na agricultura 

O desenvolvimento vem recebendo atenção em uma série de estudos que visam a avaliar os impactos e possíveis resultados, especialmente nos centros de pesquisa da Unicamp. O estudo também reúne publicações importantes, nacionais e internacionais, tais como a Agrociencia (México), o African Journal of Agricultural Research (África) e o Spanish Journal of Agricultural Research (Espanha).

A parceria com a Jima possibilitou, ainda, um convênio para desenvolver uma nova versão da máquina. A expectativa é convertê-la de um sistema mecânico para um sistema hidráulico. A iniciativa já conseguiu seu primeiro sinal verde: a aprovação de recursos no valor de R$150 mil, do Programa Catalisa via Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para o desenvolvimento de uma startup em sociedade entre a empresa que fez o licenciada e os pesquisadores do projeto, sob coordenação do pesquisador da Feagri, Cezário Benedito Galvão.

Prêmio Inventores 2022

Inventores premiados neste licenciamento:

Prof. Daniel Albiero (Feagri Unicamp) e Prof. Antonio José da Silva Maciel (in memoriam) foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2022.

Programação de homenagens

Essa matéria faz parte da série de reportagens produzida pela Inova Unicamp sobre algumas das tecnologias licenciadas, que podem ser lidas pelo site da Inova e também em formato ebook na Revista Prêmio Inventores (com lançamento previsto para junho). Também já está agendado um webinar com conteúdo sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para o dia 08 de junho (inscrições abertas ao público geral).

Confira todos os premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2022 são: ClarkeModet; 3M; Neger Telecom; Pulse Hub

*Carolina Goetten é graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, mestre em Linguagem e Tecnologia e bolsista Mídia e Ciência (Fapesp).