7 de maio de 2025 Oficina da Inova Unicamp explica a importância da busca de anterioridade para a pesquisa científica na FEQ
Evento da Agência de Inovação da Unicamp voltado para a comunidade acadêmica da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp capacitou os participantes para o uso estratégico de informações de bancos de patentes na pesquisa científica
Texto: Isabele Scavassa – Inova Unicamp | Foto: Eli Machado – Inova Unicamp
A busca de anterioridade em bases de patentes vai muito além de uma etapa no processo de proteção da propriedade intelectual. Trata-se de uma ferramenta estratégica que pode ser usada por pesquisadores para garantir que não estejam repetindo esforços já realizados na pesquisa científica e tecnológica. Esse foi um dos tópicos abordados pela Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp) durante a Oficina de Busca de Anterioridade em Bases de Patentes, realizada no fim de abril (29), na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, para alunos, docentes e pesquisadores da unidade de ensino.
A oficina integra o conjunto de ações da Inova Unicamp voltadas à propriedade intelectual, que tem como objetivo possibilitar que o conhecimento gerado dentro da Universidade possa se tornar uma inovação a partir da solicitação adequada para a Inova depositar o pedido de patente. Nesta edição, a capacitação foi realizada pelos analistas de propriedade intelectual da Inova Unicamp, Bread Cruz e Thaielly José.
Para a professora Melissa Gurgel Vieira, coordenadora de pós-graduação da FEQ Unicamp, esta foi a terceira oficina de busca de anterioridade da qual participou, além de outros eventos promovidos pela Inova, inclusive na área de empreendedorismo. Ela destaca a importância desse tipo de iniciativa no ambiente universitário:
“Isso é muito importante para estimular os alunos a sempre buscarem a proteção das suas tecnologias antes de começarem a divulgar em periódicos ou congressos. Prioritariamente, é importante buscar a Inova, fazer a proteção da propriedade intelectual e, uma vez protegida, seguir com a publicação científica. Esses eventos são uma oportunidade para sanar dúvidas dos alunos e também dos professores, além de mostrar outros tipos de proteção intelectual além das patentes, que é o que mais conhecemos”, afirmou.
Para quê servem os bancos de patentes?
Durante a oficina, o público pôde aprender que os bancos de patentes são repositórios que servem como fontes de informação tecnológica. O uso dessas bases pode orientar decisões estratégicas sobre quais caminhos seguir ou evitar na pesquisa. Ou seja, dados de patentes podem mostrar o que já existe no mercado, o que há de investimento na área e se há lacunas tecnológicas que podem ser exploradas..
Na parte dedicada a conceitos, a Inova detalhou os principais tipos de proteção da propriedade intelectual entre eles, patente de invenção e modelo de utilidade. Ao passo que o primeiro tipo protege soluções técnicas completamente novas, por até 20 anos, a segunda protege melhorias funcionais em objetos já existentes, com vigência de 15 anos.
Essas e outras noções de PI, que constam no Guia das Invenções, publicado pela Inova Unicamp, como o processo de Comunicação de Invenção e posterior depósito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), ajudam a entender as possibilidades e limitações de uma proteção, já que nem tudo é patenteável, como métodos comerciais, seres vivos naturais ou algoritmos matemáticos puros.
Importância do storytelling nas apresentações
Além da parte teórica, a oficina abordou a importância de comunicar os dados obtidos nessas pesquisas de forma acessível e estratégica, por meio do que se chama data storytelling. A ideia é utilizar dados de patentes e artigos científicos para criar relatórios visuais que ajudem a traduzir a relevância da pesquisa em determinado segmento para o público e para tomadores de decisão, por exemplo.
O uso de ferramentas como Lens, Orbit (disponível gratuitamente para usuários da Unicamp) e plataformas de visualização como Flourish ou Power BI foi incentivado como forma de tornar os projetos mais competitivos em editais e mais atraentes para a sociedade e potenciais parceiros.
Na sequência, os participantes foram guiados por uma busca prática dentro do site do INPI, utilizando exemplos reais. Os analistas da Inova destacaram a importância de optar pela “busca avançada”, evitando a básica, por ser limitada em filtros. Durante a explicação, foi apresentado o método de pesquisa booleana, que usa palavras-chave combinadas com operadores booleanos (como AND, OR e NOT), além do uso do asterisco para múltiplas terminações.
A estratégia demonstrada partiu de uma necessidade real: encontrar patentes sobre pigmentos naturais azuis derivados de fungos. Cruz mostrou como montar buscas eficientes utilizando expressões como pigment* AND fung* AND azul, explicando que a ampliação inicial da busca é essencial para depois restringir o escopo com dados mais específicos, como datas, tipo de patente (concedida ou apenas depositada), e classificações internacionais de patentes (IPC/CPC).
Essas classificações são códigos alfanuméricos que categorizam qualquer invenção humana em uma estrutura hierárquica. Ao usar códigos como “C05C/11/00”, por exemplo, é possível localizar todas as patentes relacionadas a fertilizantes nitrogenados com ureia, independente das palavras usadas nos títulos ou resumos, sendo uma forma de escapar da linguagem ambígua e encontrar exatamente o que se busca.
Ao final da atividade, a exposição foi finalizada com um recado: não basta fazer ciência, é preciso fazê-la com consciência do contexto tecnológico e jurídico global. Conhecer o que já foi feito, onde e por quem, permite ao pesquisador construir soluções realmente novas e aplicáveis, com menor risco e maior chance de alcançar a sociedade e completar o ciclo de inovação. Para isso, a busca de anterioridade é ponto de partida obrigatório.
A mensagem do evento foi reforçada pela professora Marina Cosate, docente da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, que destacou a importância da oficina como uma oportunidade de aproximação entre a Universidade e o mercado:
“Acredito que eventos como este são fundamentais para estimular o olhar inovador dentro da Universidade e fortalecer os vínculos com o setor empresarial. Aqui na FEQ Unicamp, temos muitas tecnologias com potencial de se transformar em soluções reais para demandas do mercado. Estabelecer essa ponte entre academia e empresas é essencial para que o conhecimento gere impacto”, comenta a docente.
Oficinas e mentorias da Inova Unicamp
A oficina é uma das iniciativas da Inova Unicamp que visa atender o público interno da Universidade, ampliando as formas de apoio e capacitando alunos, docentes e pesquisadores a otimizarem seus processos na rotina de estudo e pesquisa. Em paralelo, a Agência de Inovação da Unicamp também realiza mentorias individuais em propriedade intelectual – atividade que acontece mensalmente.
Saiba mais sobre as mentorias e oficinas pela página dedicada a essas atividades. Confira também a agenda de eventos da Inova Unicamp.