Oficina da Inova Unicamp explica a importância da busca de anterioridade para a pesquisa científica na FEQ

Em um auditório, pessoas assistem a uma fala ocorrida durante evento de capacitação ofertado pela Inova Unicamp cujo logo aparece em slides projetados ao fundo sobre propriedade intelectual. Fim da descrição.
Evento da Agência de Inovação da Unicamp voltado para a comunidade acadêmica da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp capacitou os participantes para o uso estratégico de informações de bancos de patentes na pesquisa científica

Texto: Isabele Scavassa – Inova Unicamp | Foto: Eli Machado – Inova Unicamp 

A busca de anterioridade em bases de patentes vai muito além de uma etapa no processo de proteção da propriedade intelectual. Trata-se de uma ferramenta estratégica que pode ser usada por pesquisadores para garantir que não estejam repetindo esforços já realizados na pesquisa científica e tecnológica. Esse foi um dos tópicos abordados pela Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp) durante a Oficina de Busca de Anterioridade em Bases de Patentes, realizada no fim de abril (29), na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, para alunos, docentes e pesquisadores da unidade de ensino.

A oficina integra o conjunto de ações da Inova Unicamp voltadas à propriedade intelectual, que tem como objetivo possibilitar que o conhecimento gerado dentro da Universidade possa se tornar uma inovação a partir da solicitação adequada para a Inova depositar o pedido de patente. Nesta edição, a capacitação foi realizada pelos analistas de propriedade intelectual da Inova Unicamp, Bread Cruz e Thaielly José.

Para a professora Melissa Gurgel Vieira, coordenadora de pós-graduação da FEQ Unicamp, esta foi a terceira oficina de busca de anterioridade da qual participou, além de outros eventos promovidos pela Inova, inclusive na área de empreendedorismo. Ela destaca a importância desse tipo de iniciativa no ambiente universitário:

“Isso é muito importante para estimular os alunos a sempre buscarem a proteção das suas tecnologias antes de começarem a divulgar em periódicos ou congressos. Prioritariamente, é importante buscar a Inova, fazer a proteção da propriedade intelectual e, uma vez protegida, seguir com a publicação científica. Esses eventos são uma oportunidade para sanar dúvidas dos alunos e também dos professores, além de mostrar outros tipos de proteção intelectual além das patentes, que é o que mais conhecemos”, afirmou.

Para quê servem os bancos de patentes?

Durante a oficina, o público pôde aprender que os bancos de patentes são repositórios que servem como fontes de informação tecnológica. O uso dessas bases pode orientar decisões estratégicas sobre quais caminhos seguir ou evitar na pesquisa. Ou seja, dados de patentes podem mostrar o que já existe no mercado, o que há de investimento na área e se há lacunas tecnológicas que podem ser exploradas..

Na parte dedicada a conceitos, a Inova detalhou os principais tipos de proteção da propriedade intelectual entre eles, patente de invenção e modelo de utilidade. Ao passo que o primeiro tipo protege soluções técnicas completamente novas, por até 20 anos, a segunda protege melhorias funcionais em objetos já existentes, com vigência de 15 anos. 

Essas e outras noções de PI, que constam no Guia das Invenções, publicado pela Inova Unicamp, como o processo de Comunicação de Invenção e posterior depósito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), ajudam a entender as possibilidades e limitações de uma proteção, já que nem tudo é patenteável, como métodos comerciais, seres vivos naturais ou algoritmos matemáticos puros.

Importância do storytelling nas apresentações 

Além da parte teórica, a oficina abordou a importância de comunicar os dados obtidos nessas pesquisas de forma acessível e estratégica, por meio do que se chama data storytelling. A ideia é utilizar dados de patentes e artigos científicos para criar relatórios visuais que ajudem a traduzir a relevância da pesquisa em determinado segmento para o público e para tomadores de decisão, por exemplo. 

O uso de ferramentas como Lens, Orbit (disponível gratuitamente para usuários da Unicamp) e plataformas de visualização como Flourish ou Power BI foi incentivado como forma de tornar os projetos mais competitivos em editais e mais atraentes para a sociedade e potenciais parceiros.

Na sequência, os participantes foram guiados por uma busca prática dentro do site do INPI, utilizando exemplos reais. Os analistas da Inova destacaram a importância de optar pela “busca avançada”, evitando a básica, por ser limitada em filtros. Durante a explicação, foi apresentado o método de pesquisa booleana, que usa palavras-chave combinadas com operadores booleanos (como AND, OR e NOT), além do uso do asterisco para múltiplas terminações. 

A estratégia demonstrada partiu de uma necessidade real: encontrar patentes sobre pigmentos naturais azuis derivados de fungos. Cruz mostrou como montar buscas eficientes utilizando expressões como pigment* AND fung* AND azul, explicando que a ampliação inicial da busca é essencial para depois restringir o escopo com dados mais específicos, como datas, tipo de patente (concedida ou apenas depositada), e classificações internacionais de patentes (IPC/CPC).

Essas classificações são códigos alfanuméricos que categorizam qualquer invenção humana em uma estrutura hierárquica. Ao usar códigos como “C05C/11/00”, por exemplo, é possível localizar todas as patentes relacionadas a fertilizantes nitrogenados com ureia, independente das palavras usadas nos títulos ou resumos, sendo uma forma de escapar da linguagem ambígua e encontrar exatamente o que se busca.

Ao final da atividade, a exposição foi finalizada com um recado: não basta fazer ciência, é preciso fazê-la com consciência do contexto tecnológico e jurídico global. Conhecer o que já foi feito, onde e por quem, permite ao pesquisador construir soluções realmente novas e aplicáveis, com menor risco e maior chance de alcançar a sociedade e completar o ciclo de inovação. Para isso, a busca de anterioridade é ponto de partida obrigatório.

A mensagem do evento foi reforçada pela professora Marina Cosate, docente da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, que destacou a importância da oficina como uma oportunidade de aproximação entre a Universidade e o mercado:

“Acredito que eventos como este são fundamentais para estimular o olhar inovador dentro da Universidade e fortalecer os vínculos com o setor empresarial. Aqui na FEQ Unicamp, temos muitas tecnologias com potencial de se transformar em soluções reais para demandas do mercado. Estabelecer essa ponte entre academia e empresas é essencial para que o conhecimento gere impacto”, comenta a docente.

Oficinas e mentorias da Inova Unicamp 

A oficina é uma das iniciativas da Inova Unicamp que visa atender o público interno da Universidade, ampliando as formas de apoio e capacitando alunos, docentes e pesquisadores a otimizarem seus processos na rotina de estudo e pesquisa. Em paralelo, a Agência de Inovação da Unicamp também realiza mentorias individuais em propriedade intelectual – atividade que acontece mensalmente. 

Saiba mais sobre as mentorias e oficinas pela página dedicada a essas atividades. Confira também a agenda de eventos da Inova Unicamp.

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