Haste intramedular desenvolvida na Unicamp aprimora cirurgias e tratamento de fraturas no fêmur

Foto de um homem adulto, de cabelos grisalhos e óculos, vestindo jaleco branco, posicionado em frente a um quadro com duas radiografias. O ambiente é interno, com paredes claras e iluminação neutra. Ele aponta com o dedo indicador direito para uma das imagens, que mostra o osso do fêmur com um implante metálico. A expressão é neutra e atenta, indicando explicação ou análise técnica. Fim de descrição.
Licenciada para a Hexagon, tecnologia visa melhorar a qualidade de vida de pacientes com fraturas e promover recuperações mais rápidas.

Esta é uma das reportagens da série especial que compõe a Revista Prêmio Inventores 2025. A série destaca tecnologias da Unicamp licenciadas ou absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas criadas no último ano. 

Texto: Adriana Arruda – Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

 

A busca por um dispositivo médico eficaz com design diferenciado e de aplicação simples, guiou o desenvolvimento de uma nova haste intramedular para cirurgias ortopédicas, criada por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM Unicamp). A tecnologia amplia o arsenal de recursos para o tratamento das fraturas na parte superior do fêmur.

“O implante foi projetado especificamente para fraturas do colo do fêmur, ao contrário da maioria dos dispositivos utilizados hoje, que foram adaptados de outras finalidades. Nosso objetivo foi garantir maior segurança, eficiência de compressão e redução de riscos cirúrgicos”, explica William Dias Belangero, docente da FCM e um dos inventores da tecnologia.

A haste mantém a fratura alinhada e pressionada, favorecendo a consolidação óssea e diminuindo intercorrências como infecções ou falhas no processo de cicatrização. Seu desenho facilita a implantação, tornando o procedimento mais reprodutível e alinhado às técnicas minimamente invasivas.

“Desenvolvemos uma solução que otimiza os princípios da osteossíntese (fixação) necessários para a consolidação da fratura do colo femoral, aplicável de forma minimamente invasiva, reduzindo assim danos de partes moles e com isso permitindo uma recuperação pós-operatória mais confortável e acelerada aos pacientes”, afirma o médico Anderson Freitas, também inventor da tecnologia.

O desenvolvimento resultou de um convênio de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) entre a Unicamp e a empresa Hexagon. Protegida por pedido de patente, a tecnologia foi licenciada para a empresa com a intermediação da Agência de Inovação Inova Unicamp, órgão responsável pela gestão de projetos de PD&I com empresas, transferência de tecnologias e análise estratégica da proteção da propriedade intelectual da Universidade.

A cotitularidade da invenção envolve a Unicamp, com os inventores Belangero e Freitas, e os inventores independentes Vinzenzo Giordano Neto e Robinson Esteves Santos Pires e Paulo Rigolo, este último também sócio da Hexagon que licenciou a tecnologia.

“A Inova foi fundamental para oferecer suporte técnico e estratégico nos processos de proteção e licenciamento. Sentimos o respaldo de uma equipe experiente, que entende tanto o desenvolvimento científico quanto a transferência da tecnologia para a sociedade”, destaca Rigolo.

A empresa licenciada e fabricante do dispositivo priorizará a distribuição do novo implante para uso na rede pública de saúde, onde a demanda é maior. “A acessibilidade a essa tecnologia será nosso diferencial, garantindo que o novo implante chegue aos pacientes que mais precisam, dentro da base de custeio pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, prevê Rigolo.

 

Avanço tecnológico alinhado à saúde e ao bem-estar

A invenção contribui para a melhoria dos cuidados médicos, favorecendo tratamentos mais eficazes e acessíveis.

“Além de ampliar o acesso, a ideia é incorporar soluções tecnológicas que reduzam riscos de complicações desta patologia, otimizando os resultados cirúrgicos, fazendo com que as vítimas de fraturas do fêmur proximal, retomem seus hábitos familiares e profissionais o mais breve possível. Este invento visa atender plenamente a esses propósitos”, avalia Freitas.

Foto de um close nas mãos de um homem adulto vestindo jaleco branco. A cena acontece em um ambiente interno, com fundo desfocado. Ele segura um modelo anatômico de um osso humano, que possui parafusos metálicos fixados, e aponta com o dedo indicador para um dos componentes inseridos. As cores predominantes são tons de bege do modelo ósseo e branco do jaleco. Fim de descrição.

Haste intramedular foi desenhada especificamente para fraturas do colo do fêmur. Foto: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp.

Segundo os pesquisadores, as fraturas na parte superior do fêmur atingem três perfis majoritários: idosos acima dos 80 anos, com fragilidade óssea e risco elevado de complicações; adultos jovens, que se acidentam em situações como quedas de moto ou bicicleta; e um grupo intermediário, de 50 a 60 anos, que frequentemente permanece sem tratamento adequado, convivendo com dor e perda funcional.

“O projeto da haste considerou esses três públicos. No caso do idoso, paciente acima dos 70 anos, o foco é garantir um procedimento seguro e que proporcione a recuperação rápida e indolor reduzindo o tempo de reabilitação. Da mesma forma para o jovem, abaixo dos 40 anos, a rapidez no retorno às atividades é fundamental já que está em idade produtiva. Para o grupo de pacientes com idade intermediária, entre 50 e 70 anos, oferecer uma nova opção de tratamento que realmente resolva o problema que possa substituir as artroplastias precoces do quadril em pacientes evitando sequelas e limitação funcionais”, explica Belangero.

“Já iniciamos os ensaios clínicos, com captação de pacientes em centros públicos de referência em regiões como Campinas, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Nosso compromisso é garantir que o implante seja reprodutível em diferentes contextos cirúrgicos, desde hospitais de ponta até serviços de menor complexidade”, reforça Freitas.

Imagem composta por três figuras. À esquerda (A), uma ilustração digital mostra um fêmur com implante metálico intramedular e dispositivos de fixação externos, demonstrando o posicionamento cirúrgico do material. Ao centro (B), uma radiografia da pelve em visão frontal exibe o quadril com três parafusos inseridos no fêmur direito. À direita (C), uma radiografia em perfil mostra o mesmo implante fixado no osso, evidenciando o alinhamento e a profundidade da fixação. Fim de descrição.

A- Ilustração da haste intramedular com guia externo; B e C – imagem de raio-x pós-operatório de paciente incluso no ensaio clínico. Foto: Divulgação.

Além da estabilidade estrutural do implante, os cientistas destacam a importância da padronização da técnica cirúrgica, que está sendo cuidadosamente aperfeiçoada para assegurar que o procedimento possa ser executado de forma consistente e eficiente por diferentes profissionais.

Com o licenciamento formalizado e os processos regulatórios finalizados, a Hexagon já produz os dispositivos para dar o suporte aos trabalhos da avaliação clínica; porém, “os recursos de produção e distribuição em escala industrial estão implementados e prontos para operação em escala de demanda”, acrescenta Rigolo.

A tecnologia exemplifica como as parcerias entre universidades e empresas podem acelerar a transformação de conhecimento científico em soluções concretas para problemas reais.

 

Sobre a Inova Unicamp 

Inova Unicamp é o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade e atende a todos os campi. A Agência de Inovação da Unicamp foi criada em 2003 com o objetivo de identificar oportunidades e promover atividades que estimulam a inovação e o empreendedorismo, ampliando o impacto do ensino, da pesquisa e da extensão em favor do desenvolvimento socioeconômico sustentado.

A Agência apoia a comunidade na proteção da propriedade intelectual da Unicamp, na transferência de tecnologia, na consolidação de convênios de Pesquisa e Desenvolvimento entre a Unicamp e o setor empresarial. Ela também é responsável pela gestão do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e da sua Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp), além de fomentar a comunicação e a cultura de empreendedorismo e inovação com programas de relacionamento institucional e capacitações.

Para saber mais, acesse os serviços em inova.unicamp.br.

 

PRÊMIO INVENTORES 2025

Esta é a 18ª edição do Prêmio Inventores que a Inova Unicamp organiza com o propósito de reconhecer e valorizar os inventores engajados na transferência de tecnologias da Universidade e na criação de empresas spin-offs acadêmicas no último ano.

 

 

INVENTORES PREMIADOS NESTE LICENCIAMENTO:

William Dias Belangero (FCM Unicamp), Vincenzo Giordano Neto (inventor independente), Paulo Cesar Rigolo (inventor independente), Anderson Freitas (inventor independente) e Robinson Esteves Santos Pires (inventor independente)  foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2025, organizado pela Inova Unicamp.

 

PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS DE 2025:

A Inova Unicamp organizou uma série de homenagens em comemoração ao Prêmio Inventores  de 2025, como as reportagens relacionadas a casos premiados, disponíveis para leitura nos sites da Inova Unicamp e do Prêmio Inventores, bem como em formato e-book na Revista Prêmio Inventores (com lançamento previsto para agosto).

No dia 19 de agosto, a Inova Unicamp também promoverá o Webinar Prêmio Inventores, compartilhando casos de sucesso na proteção da propriedade intelectual e transferência de tecnologia da Universidade. As inscrições estão abertas e são gratuitas.

Os premiados também receberão um certificado de reconhecimento.

A edição de 2025 tem o patrocínio de ClarkeModet e FM2S.

 

3. Saúde e Bem-Estar
Tecnologia voltada a ODS 3 – Saúde e Bem-Estar.

 

 

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