Domenico Greco dá dicas sobre empreendedorismo e analisa ecossistemas universitários inovadores

Em entrevista à equipe da Inova Unicamp, Domenico Greco, consultor de Inovação e Lean Canvas, falou sobre as características de ecossistemas inovadores, do papel da Universidade no fomento do empreendedorismo e deu dicas para startups interessadas em desenvolver negócios de base tecnológica.

Greco ministrou, nos dias 21 e 22 de maio, o coaching internacional do Desafio Unicamp 2018. Na ocasião, as 10 equipes melhor classificadas na primeira etapa da competição receberam uma consultoria direcionada, com orientações de melhorias de seus modelos de negócios e inserção no mercado. Domenico é especialista em aceleração Lean e inovação aberta para startups, com experiência em marketing e negócios na Itália, Reino Unido e Estados Unidos.

Leia abaixo a entrevista completa:

Inova Unicamp – Você nasceu na Itália, teve experiência no Reino Unido e EUA, além de relacionamento com diversos ambientes de inovação. O que poderia ressaltar como pontos em comum entre ecossistemas internacionais com grande foco de atração e desenvolvimento de startups?

Domenico Greco – Eu tenho visitado diferentes ecossistemas, especialmente nos últimos dois anos – época em que tenho viajado muito à América Latina e esse é o motivo que me levou a trabalhar em contato com Campinas. Eu acredito que o gerenciamento dos trabalhos em equipe em ecossistemas de inovação fazem a diferença, pelo que temos observado graças às recentes pesquisas em melhores práticas em inovação aberta. Essa vantagem vistas nos trabalhos conjuntos se dá de maneira ganha-ganha, na qual todos os participantes desse time tem a mesma vantagem nesse fluxo de inovação, sejam eles: startups, investidores, pesquisadores, instituições públicas dedicadas à inovação, entre outros. Portanto, se você quer atrair as melhores startups, você tem que formar os melhores times possíveis, colocá-los para trabalhar junto com outros atores e, nesse sentido, acredito que a Inova Unicamp está fazendo um belo trabalho.

IU – Como avalia o cenário atual do Brasil e América Latina para fomento do empreendedorismo? Quais especificidades você ressaltaria?

DG – Eu realmente acredito que na América Latina nós devemos adotar uma abordagem para inovação baseada na lógica de inovação aberta e colaborativa. Uma vez que esse tipo de inovação é o único capaz de, ao ser acelerado, obter excelentes resultados mesmo sem a alavancagem clássica e linear, baseada nos investimentos em P&D públicos e privados. Nós sabemos muito bem que vários países latino-americanos têm um PIB (Produto Interno Bruto) composto significativamente por exportação de matérias-primas, atividades que raramente geram significantes investimentos em P&D. Deste modo, os principais recursos são as pessoas, sociedade e sua habilidade de colaboração.

IU – Qual a importância de as universidades integrarem os ecossistemas de inovação regionais? Qual o papel da academia para o fortalecimento e surgimento de startups de base tecnológica?

DG – Universidades são os atores mais importantes para promover a inovação. No entanto, é necessário compreender que pesquisa e empreendedorismo são coisas muito diferentes e, portanto, é preciso uma gestão eficiente para garantir que os dois campos trabalhem em conjunto para produzir inovações para o mercado. Pesquisas possuem objetivos de longo prazo e devem focar para atingi-los sem modifica-los. Por outro lado, as empresas devem ser mais dinâmicas e estão em constante mudança dos seus objetivos e padrões de comportamento para ouvir os feedbacks e então pivotar. Neste sentido, acredito que Universidades devem adquirir novas habilidades de empreendedorismo para desempenhar seu papel.

IU – O Desafio Unicamp tem foco em empreendedorismo tecnológico. Quais as principais vantagens e desafios de empreender negócios de base tecnológica?

DG – Se você realmente quer criar uma startup de base tecnológica, você deve ser destemido e trabalhar para transformar mercados e indústrias nos mercados que você tem em vista. Na minha opinião, é fundamental aceitar o desafio da transformação e da introdução de tecnologias potencialmente disruptivas, uma vez que no mundo dos negócios tecnológicos não há espaço para aqueles que não miram alto.

IU – Quais os principais erros cometidos pelas startups ao iniciarem e posicionarem seu negócio? E os principais desafios? O que torna um modelo de negócios atrativo e valioso?

DG – O principal problema em startups em início do carreia é focar apenas nas ideias e em construir um modelo de negócios, o que, por si só, não tem valor no mercado. É preciso compreender que a única coisa que pode verdadeiramente ajudar estes empreendedores é ir para o mercado e testar suas hipóteses o mais rápido possível, para posteriormente definir qual será seu posicionamento. Diante disso, o pior erro é pensar que você não tem nada a descobrir ou a aprender.

IU – Se pudesse elencar 3 principais conselhos, quais dicas você daria para esses jovens empreendedores?

DG – Em primeiro lugar, falhem o mais rápido possível e lembrem-se que fracassos são sempre oportunidades para melhorias. Depois, aconselho que escolham com cuidado seus parceiros de jornada, já que você vai precisar de outras pessoas se quiser construir grandes coisas. Por fim, sempre ouçam os outros sem deixar seu ego prevalecer. O ego é o pior inimigo do empreendedor.