Unicamp representa ICTs em discussão sobre o papel da inovação em plano de governo

Elaborado pela Anpei, documento com recomendações para política de inovação foi encaminhado a todos os presidenciáveis

Texto: Carolina Octaviano

O papel da inovação na formatação de políticas públicas visando a competitividade e o desenvolvimento sustentável do país é tema de uma carta encaminhada pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) para os presidenciáveis considerarem em sua pauta setorial. Elaborado nos últimos meses, o documento foi discutido hoje durante a Conferência Anpei de Inovação, em um painel que contou com o professor Newton Frateschi, diretor-executivo da Inova Unicamp, como representante das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs). Frateschi foi eleito representante das ICTs durante a renovação da diretoria da Anpei realizada em junho deste ano.

“Estamos buscando mecanismos para que os governantes possam elaborar políticas de inovação. Sabemos que é por meio do empreendedorismo e da inovação que o Brasil vai subir degraus nos rankings de desenvolvimento socioeconômico”, pontua o diretor-executivo da Inova Unicamp. Ele conta que o documento já seguiu para apreciação dos candidatos, para que eles possam analisar as propostas e incluir estas temáticas para seus planos de governo.

Entre as ações recomendadas a serem implementadas pelo governo, a carta sugere que haja uma integração entre o Marco Legal e a política indústria e educacional e a definição de estratégias e objetivos prioritários em Pesquisa e Desenvolvimento. “A oferta de recursos financeiros não-reembolsáveis, pelo governo federal, a serem destinados a instituições inovadoras, como as ICTs, contribuiria para o alcance dos objetivos, na condição de agentes implementadores das políticas industrial e de inovação”, diz o documento, que lembra que tais ações já foram implementadas, com sucesso, em países como a Alemanha, Reino Unido e Holanda.

Além disso, o documento também propõe a adoção de uma política de gestão que tenha o investimento em inovação como prioridade nacional, uma vez que o tema é de grande relevância para o desenvolvimento social e econômico do país. Vale lembrar que o setor tem sido impactado negativamente por cortes orçamentários destinados a pesquisas e, consequentemente, desenvolvimento de tecnologias inovadoras.

Também é proposto um maior estímulo ao investimento privado, por meio da adoção de políticas como fundos de investimento que possam estimular a criação de startups de base tecnológica, além da manutenção e do fortalecimento de políticas de estímulo à inovação nas grandes empresas, tal como a Lei do Bem.

No que tange o papel das universidades, Frateschi explica que seu foco deve ser na formação de recursos humanos que vão empreender e inovar no ecossistema. “No processo desta formação, que inclui um ambiente de pesquisa de altíssima qualidade, a universidade acaba naturalmente desenvolvendo novas tecnologias que vão ser transferidas para empresas já formadas ou mesmo ser a base para a formação de novas empresas, fortalecendo o ecossistema”, comenta Frateschi. Para ele, há duas barreiras que dificultam a inovação nas ICTs: a burocracia, que ocasiona entraves jurídicos, e o alinhamento das expectativas no relacionamento entre Institutos de Ciência e Tecnológica (no qual se incluem as universidades) e as empresas.

O diretor-executivo da Inova Unicamp alerta para que os atores não se mantenham inertes no ecossistema, mas unam esforços em prol da inovação. “É importante que todos os atores do ecossistema não deleguem apenas aos governantes o papel de promover a inovação. Nós temos que entender nosso papel, para sermos ainda mais proativos”, pontua Frateschi. Ele também ressalta a necessidade de focar os esforços em áreas nas quais o país tem vocação, como a agronegócio e energia, por exemplo, mas sem se esquecer de setores estratégicos para o desenvolvimento nacional.

Também participaram do painel: Ricardo André Marques, diretor da Anpei; Bruno Moreira, CEO da Inventta e diretor da Anpei; e Isabela Dias Saturnino, Relações Governamentais e Institucionais da TOTVS e também diretora da Anpei.

Pauta setorial ANPEI- Nota Tecnica