Ana Frattini e Renato Lopes assumem a diretoria executiva da Inova Unicamp

Na foto estão de pé, ao lado da "letra caixa" com escrito INOVA Agência de Inovação da Unicamp, os professores Ana Frattini e Renato Lopes. Ana Frattini é uma mulher branca, baixa, na faixa dos 50 anos, cabelos curtos castanhos. ela usa uma saia social longa xadrez cinza, sapatos altos pretos, uma camisa de manga longa rosa e óculos escuros. O professor Renato Lopes é um homem alto, magro, na faixa dos 50 anos, cabelo curto grisalho sem barba. Ele usa uma calça social preta e uma camisa social amarelo claro.

Os novos diretores destacam entre os desafios iniciais da nova gestão compreender os impactos do novo marco legal das startups na Universidade e também fortalecer a governança da Inova, a fim de expandir as oportunidades de interação entre a Unicamp e o setor produtivo

 

Texto: Kátia Kishi | Foto de capa: Pedro Amatuzzi

Nessa última sexta-feira, foi oficializado no Diário Oficial do Estado de São Paulo a nomeação da nova diretoria executiva da Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp).

Quem assume a liderança na gestão da inovação na Unicamp são os professores Ana Frattini, da Faculdade de Engenharia Química (FEQ), como a nova diretora-executiva e Renato Lopes, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), como o novo diretor associado da Agência.

Entre as principais pautas que a gestão já identificou como prioridades, destaca-se o acompanhamento e proposta de possíveis modelos que promovam a inovação na Universidade a partir do marco legal das startups (PLP 146/19), aprovado pela Câmara dos Deputados – ainda aguardando sanção presidencial – no início deste mês e que, além de definir o que são as startups, regulamenta as operações desse setor econômico e os incentivos fiscais para a criação de empresas que atuam na inovação de produtos, serviços ou modelos de negócios.

“O marco legal das startups alterou o ambiente regulatório e os aspectos trabalhistas, permitindo novas formas de fomento e de participação do Estado nas empresas inovadoras e que operam em condições de extrema incerteza. Acreditamos que a Inova deva acompanhar essas regulamentações para entender as oportunidades de criação das empresas spin-offs da Universidade usando como base as tecnologias e pesquisas acadêmicas”, comenta Frattini.

Nessa mesma linha de fomento ao empreendedorismo de base tecnológica, os docentes apontaram ser necessário continuar com ações que fortaleçam uma cultura empreendedora entre a comunidade interna da Unicamp, por exemplo, coordenar ações e aumentar o engajamento entre as Empresas Juniores (EJs) da Unicamp, cuja operação foi regulamentada em deliberação interna no ano passado para possibilitar a proteção de propriedade intelectual gerada, uso da estrutura da Universidade e outros benefícios.

“O que é fato é que a Unicamp atrai os melhores estudantes de todas as regiões do Brasil, concentrando um contingente excepcional de cérebros brilhantes e com toda diversidade requerida para realizar transformações. Talvez o que esteja faltando seja promover uma maior intensidade nas ações coordenadas a partir das regulamentações recém-aprovadas”, complementa Frattini sobre o potencial do corpo discente da Unicamp.

A nova diretoria executiva também destacou a importância em ampliar as oportunidades de relacionamento da Unicamp com o setor empresarial, conforme explicou Lopes: “Precisamos que mais e mais entidades do setor produtivo entendam os ganhos que elas podem obter nas interações com a Unicamp. E que mais e mais docentes, alunos e pesquisadores entendam os benefícios do empreendedorismo e da cooperação com o setor produtivo”.

Nessa fase de transição, os diretores celebraram a nova sede da o novo espaço de trabalho da Inova Unicamp, inaugurado no início deste ano, que une o “ambiente moderno ao bucólico”, além da recepção e reconhecimento do trabalho de todo time da Agência na gestão da inovação na Universidade:

A foto em mosaico mostra toda equipe da Inova Unicamp conversando com novos diretores executivos virtualmente

“Cabe aqui uns parênteses para cumprimentar as diretorias anteriores que se dedicaram fortemente em deixar um legado de infraestrutura moderna e funcional, assim como de recursos humanos de extrema competência e vasta experiência, que permitiram à Agência se tornar referência de Inovação no Brasil todo. Agora, a nova diretoria se esforçará para realizar mudanças incrementais requeridas pela situação de ‘novo normal’ e pelas novas demandas sociais e de sustentabilidade, assim como entender os impactos da pandemia no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Para isso, gostaríamos de contar com o engajamento de toda a comunidade Unicamp nesta nova jornada! ”, convida Frattini.

 

Relacionamento com a inovação e empreendedorismo

As interações da nova diretoria executiva com a Agência de Inovação da Unicamp começaram muitos anos antes da nomeação dos cargos. Os docentes já cultivavam um relacionamento com a Inova desde a participação dos programas de fomento à inovação e ao empreendedorismo até convênios de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em parceria com o setor empresarial.

Como a professora Ana Frattini, que participa desde 2014 de três convênios de P&D em parceria com a Petrobras, assinados com auxílio da Inova e interveniência da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). Além da modernização dos laboratórios da Universidade condicionados na parceria, os resultados gerados para demandas do mercado já possibilitaram o depósito de patente de cotitularidade da Unicamp e da Petrobras.

As experiências nesse tipo de conexão também foram positivas para o professor Renato Lopes, que além de projetos com outras instituições de pesquisa, também atuou em parceria com grandes empresas do setor de telecomunicações e também com a Petrobras:

“Tive a oportunidade de ver de perto como as relações entre a universidade e o setor empresarial podem beneficiar todos os envolvidos, induzindo a pesquisa em temas relevantes, somando os esforços de diversos pesquisadores, e ao mesmo tempo aumentando a competitividade e capacidade de geração de empregos na indústria. Tudo isso leva, no final, a benefícios para a sociedade como um todo. ”, justifica Lopes sobre a importância de manter convênios de P&D entre a Unicamp e o mercado.

Na foto estão Iago de Almeida Neves, Antenor Teixeira Neto, Arthur Maia Mendes, Pedro Luiz Galante Iannini e Reginaldo José Gomes Neto que compõe a equipe Hesteq. /Crédito: Felipe Christi

O fomento ao empreendedorismo também é uma vertente que a os docentes já se relacionavam direta ou indiretamente. Por exemplo, a atual diretora-executiva da Inova foi mentora acadêmica da equipe vencedora da competição Desafio Unicamp em 2013, que modelou um negócio baseado em uma tecnologia da Unicamp, a qual Frattini é uma das inventoras. A equipe Hesteq, mentorada pela docente, também conquistou mais dois prêmios com o modelo de negócio baseado na patente, como o 3º lugar no Prêmio Startup Campinas e o 1º lugar no prêmio EDP Inovação, iniciativa da distribuidora de energia Grupo EDP.

“Foi muito gratificante ver uma patente depositada se transformando em um modelo de negócio. A proposta do grupo foi fantástica, com o apoio do mentor empresarial Alexandre Neves, à época presidente do grupo Unicamp Ventures, foi possível vislumbrar a aplicação do sistema desenvolvido de detecção de vazamento de gás em tubulações prediais. Em decorrência do Desafio Unicamp, também ganhei da Inova um treinamento promovido pela Universidade de Cambridge chamado de Faculty Entrepreneurship Training. Me interessei, cursei e despertei para o mundo do empreendedorismo. De conversas com os mentores, pude ver o quanto o modelo do Centro de Empreendedorismo de Cambridge é efetivo e o quanto a Inova se aproxima deste modelo”, lembra Frattini sobre as experiências.

O relacionamento com as empresas-filhas da Unicamp, aquelas cujos fundadores têm ou tiveram vínculo com a Universidade, também é fomentado pela docente ao manter contato com algumas startups para validar pesquisas desenvolvidas ou se relacionar no Laboratório de Controle e Automação de Processos (LCAP) da FEQ Unicamp, como a empresa-filha I.Systems que atua com Inteligência Artificial para melhorar processos industriais: “Tivemos a satisfação de acompanhar o crescimento dessa startup por meio de contato com seu sócio fundador Igor Santiago, formado em Engenharia Elétrica na Unicamp. Para nossa satisfação e orgulho, hoje a empresa é reconhecida internacionalmente e absorve muitos dos engenheiros e pós-graduandos formados pela FEQ”, valoriza Frattini.

 

Aprendizados e realizações na gestão universitária

Ambos docentes carregam uma bagagem que vai além dos méritos e experiências no ensino e na pesquisa, como a gestão universitária em outras posições na Universidade, cujos aprendizados os encorajam a enfrentar o novo desafio na gestão da inovação na Unicamp.

O professor Renato Lopes lembra que uma de suas conquistas enquanto coordenador de graduação da FEEC foi automatizar processos da secretaria a fim de simplificar procedimentos burocráticos e o início do debate sobre a reforma curricular, hoje sendo implementadas nos cursos da Faculdade. O mesmo perfil desburocratizado teve ao assumir a coordenação de pós-graduação da FEEC, tornando processos mais eficientes. Além disso, o professor destacou que:

“Durante esse período, os procedimentos de avaliação da pós-graduação pela CAPES foram reformulados e exigiram a coleta de novas informações, além de um maior envolvimento da comunidade no processo de avaliação. É interessante notar que muitas das novidades da avaliação dizem respeito à inovação, transferência de tecnologia e impacto econômico do programa, o que me levou a ter uma visão muito mais detalhada do papel da inovação na FEEC. Como coordenador, coube a mim a responsabilidade por introduzir estas mudanças na faculdade”, detalha Lopes sobre sua gestão da FEEC que se encerrou neste ano, logo antes de assumir a diretoria na Inova.

Entre as conquistas em posições de gestão da professora Ana Frattini, enquanto diretora do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Agrícolas, Químicas e Biológicas da Unicamp (CPQBA) ela manteve contato direto com grandes empresas farmacêuticas, de aromas e de cosméticos e buscou a reestruturação para certificar laboratórios na norma ISO/IEC 17025, o que lhe trouxe muito aprendizado: “Para atingir este nível, o sistema de gestão de qualidade imposto tinha que se apresentar impecável, contando com o engajamento de todos os colaboradores e eliminando retrabalhos e gastos extras. Aprendi muito sobre gestão nesta época”.

Na foto estão de pé e usando máscaras os professores Ana Frattini e Renato Lopes. Ana Frattini é uma mulher branca, baixa, na faixa dos 50 anos, cabelos curtos castanhos. ela usa uma saia social longa xadrez cinza, sapatos altos pretos, uma camisa de manga longa rosa e óculos escuros. O professor Renato Lopes é um homem alto, magro, na faixa dos 50 anos, cabelo curto grisalho sem barba. Ele usa uma calça social preta e uma camisa social amarelo claro.

Na foto estão os professores Renato Lopes e Ana Frattini. Crédito: Pedro Amatuzzi

Como coordenadora de pós-graduação da FEQ e, posteriormente, como assessora da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) da Unicamp, ela relembra que passou a ter “uma visão mais clara sobre a diversidade das pesquisas realizadas na Unicamp, assim como todo potencial de Propriedade Intelectual da Unicamp que deixava de ser comunicado à Inova e que devemos incentivar a comunidade a se engajar mais nessa nova gestão”.

Para se aprofundar nas experiências acadêmicas dos novos diretores, confira seus currículos Lattes: