Unicamp assinou R$ 133 milhões para pesquisa com empresas em 2019

Prof. Newton Frateschi em frente a árvores da Fazenda Argentina
É o segundo ano consecutivo que a Universidade ultrapassa a marca de R$ 100 milhões investidos por empresas em sua pesquisa.

Texto: Vanessa Sensato e Kátia Kishi | Foto: Pedro Amatuzzi e divulgação

Pelo segundo ano consecutivo, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ultrapassou a marca de R$ 100 milhões assinados em contratos de pesquisa com o setor empresarial: foram mais de R$ 133 milhões em 2019, referentes a 53 convênios de pesquisa de toda a Universidade.

Os dados foram divulgados pela Agência de Inovação Inova Unicamp, órgão da Universidade responsável pela interação universidade-empresa com foco em inovação, que publicou hoje seu Relatório de Atividades 2019 em formato de e-book, disponível para download.

O Relatório dá destaque para outros resultados importantes para o ecossistema de empreendedorismo e inovação, como a aprovação da Política de Inovação da Unicamp e a assinatura de 23 novos licenciamentos de sua propriedade intelectual, totalizando 131 licenças vigentes e R$ 1,6 milhão captados em ganhos econômicos provenientes de transferência de tecnologias.

Conforme explica o professor Newton Frateschi, diretor-executivo da Inova Unicamp, os resultados desmistificam uma certa crença antiga de algumas pessoas de que a universidade brasileira não interage com a indústria.

“Na realidade, a Unicamp demonstra que existe sim uma grande interação com um interesse crescente mútuo. Além disto, ademais da alta capacidade tecnológica e científica da Unicamp, de nosso lado, melhoramos os métodos operacionais de do estabelecimento de parcerias e, hoje, os nossos processos estão muito mais rápidos. Mesmo o trâmite jurídico não é mais longo ou custoso do que nas empresas”, afirma o diretor.

Frateschi também avalia que existe hoje uma demanda de grandes corporações por inovação aberta que talvez existisse em menoR intensidade antes, especialmente porque as grandes empresas internacionais fazem pesquisa prioritariamente na Europa, nos Estados Unidos e na China: “Também temos que destacar que a Universidade é realmente muito competente. E, com a interlocução da Inova, que facilita a interação da empresa com a Unicamp, o interesse na pesquisa em colaboração tem sido ampliado.”

A avaliação do diretor-executivo da Inova é a de que, no atual contexto, frente à pandemia de COVID-19, vai haver cortes para a pesquisa em colaboração universidade-empresa em 2020. Contudo, segundo ele, há um processo de valorização da pesquisa.

“Todos estão repensando suas estratégias e se readequando neste momento.  Mas, claramente, vimos que diante de uma situação de desequilíbrio, são as universidades e os institutos de pesquisa de qualidade, especialmente os públicos e que fazem parte do sistema público de saúde, como a Unicamp, que têm condição de colaborar com o enfrentamento da crise”, defende Frateschi.

 

Resultados em propriedade intelectual

Em 2019, a Inova recebeu 119 comunicações de invenção e fez 67 pedidos de patentes junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Entre as tecnologias com pedido de patente requisitado em 2019, está a descrição de compostos que aumentam a imunidade e podem ser usados na produção de remédios que reduzem a carga viral e inflamação pulmonar em doenças respiratórias, especialmente, a causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Essa tecnologia é de cotitulariedade da Unicamp com a União Brasileira de Educação e Assistência, gestora da propriedade intelectual da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC RS).

Grupo de pesquisa do Prof. Marco Vinolo

Grupo de pesquisa liderada pelo professor Marco Aurélio Vinolo – foto divulgação

Segundo um dos inventores dessa tecnologia e docente do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, o professor Marco Aurélio Vinolo, as doenças virais são as principais responsáveis por epidemias emergentes e mortes pelo mundo. Nesse sentido, ele afirma ser essencial o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas que, por exemplo, favorecem a eliminação do vírus pelo sistema imunológico e, assim, contribuem para controlar a infecção e reduzir suas consequências para o organismo.

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), por exemplo, é um importante causador de infecções respiratórias entre crianças, principalmente, até os quatro anos de idade. As infecções respiratórias por esse vírus desencadeiam desde sintomas leves incluindo congestão nasal e febre até mais graves como bronquiolite e pneumonia, nas quais é necessária a internação.

“A prevenção da infecção causada pelo VSR é uma prioridade de saúde pública global. Ainda assim, nenhuma estratégia de vacinação está disponível. Por isso e pelo fato de não haver medicamentos específicos e eficientes para esse tipo de infecção que novas intervenções para diminuir a replicação viral e, consequentemente, atenuar os sinais e sintomas dessa doença, como essa tecnologia descreve, têm recebido grande atenção de pesquisadores da área”, explica Vinolo sobre a relevância da tecnologia que está disponível para licenciamento.

Conheça essa e outras tecnologias protegidas e que podem ser licenciadas no Portfólio de Patentes da Unicamp.