Registro de patentes mostra estagnação do Brasil

GENEBRA – O Brasil fica estagnado no registro internacional de patentes e a
distância com os demais países emergentes aumenta. Dados publicados ontem pela
agência da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável por propriedade
intelectual apontam que, em 2005, apenas

283 patentes brasileiras foram registradas, apenas duas a mais que em 2004.
No total, 134 mil patentes foram registradas pelos vários países no ano passado,
com a liderança dos Estados Unidos, com 45,1 mil patentes.

Os chineses registraram 2,4 mil patentes, quase dez vezes mais que o Brasil.
No caso brasileiro, o País conseguiu aumentar em pouco mais de 40% o registro de
patentes entre 2000 e 2005. Mas outros países, como a Índia, tiveram um
desempenho muito superior. Há cinco anos, brasileiros e indianos registravam
praticamente o mesmo número de patentes. Hoje, a Índia registra três vezes mais
que o Brasil. O exemplo da China é ainda mais explícito da perda de espaço do
Brasil.

Em 2000, Pequim registrava cerca de 700 patentes por ano. Em cinco anos,
conseguiu aumentar esse número em 212%. “Os chineses estão destinando cada vez
recursos para a pesquisa”, explica o vice-diretor da Organização Mundial de
Propriedade Intelectual (OMPI), Francis Gurry. A China, nesse período, já
conseguiu ultrapassar Canadá, Itália ou Austrália em termos de registros e já o
décimo no ranking mundial.

Em 2005, a ONU observou um aumento de 9,4% nos registros em todo o mundo.
Além da liderança americana, com 33,6% de todos os registros internacionais,
inventores e empresas do Japão, Alemanha, França e Reino Unido estão entre os
maiores usuários do sistema. Entre as principais empresas registrando patentes
estão a Phillips, com 2,4 mil patentes, seguida pela japonesa Matsushita e a
alemã Siemens, além de Nokia, Bosch e Intel.

Economias emergentes

Entre as economias emergentes, o aumento de registros em 2005 foi de 20%, mas
esses países ainda representam 6,7% do total de patentes no mundo. A Coréia, com
4,7 mil patentes, lidera o grupo, seguida pela China, com 2,4 mil, Índia com
648, África do Sul com 336, Cingapura com 438 e finalmente o Brasil com 283
patentes.

“Não entendemos o que ocorre no Brasil”, admite Gurry. Entre as empresas dos
países emergentes que mais registram estão as coreanas Samsung e LG Electronics
e chinesa Huawei. Entre as empresas brasileiras, as que mais registraram foram a
Embraco, com 16 patentes, Multibras com 15 patentes e Itautec Philco, com dez.
Duas universidades brasileiras também estão entre as dez maiores entidades no
Brasil a registrar patentes: a Universidade Federal do Rio de Janeiro e
Unicamp.

Extraído de: Tribuna da Imprensa (Sábado, 04 de fevereiro de
2006).