Empresas-filhas da Unicamp geram mais de 15 mil empregos e superam R$ 1,5 bi de faturamento anual

Texto: Juliana Ewers

Foto: Vanessa Sensato

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) acumula hoje 309 empresas-filhas. Deste total, 237 estão ativas e, juntas, são responsáveis por empregar 15.369 funcionários. A maior parte desse rol de negócios é constituída por micro e pequenas empresas, que correspondem a 86% do todo. Outros 8% são de médias empresas. E há ainda cinco médias-grandes e grandes empresas que compõe o restante do portfólio e somam mais de R$ 1,5 bilhão de faturamento. O levantamento foi apresentado pelo diretor-executivo da Inova Unicamp, Milton Mori, durante o Unicamp Ventures, realizado na última sexta-feira, dia 3 de setembro.

“Campinas tem um ecossistema interessante, que atrai investidores e pessoas empreendedoras. Contamos aqui com uma universidade renomada, bons centros de pesquisa, pontos que contam muito na hora de abrir um negócio”, avaliou Mori durante sua fala no evento.

As empresas-filhas ativas atuam principalmente na área de Tecnologia de Informação (27,3%), consultoria (16,3%), engenharia (10,6%), alimentos e bebidas (5,4%) e energia (4,9%).

O diretor-executivo ainda ressaltou iniciativas importantes da agência de inovação na área de empreendedorismo, como: Desafio Unicamp, Inova Jovem e Conselho de Startups; além de reforçar a importância do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp dentro deste cenário. “O parque visa abrigar projetos de pesquisa colaborativa universidade-empresa”, disse Mori. Podem se hospedar nesta área da universidade empresas inovadoras com projetos de pesquisa em colaboração com a Unicamp, e incubadas da Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp).

Na sequência, foi promovido um painel cujo tema era “Empreender para Inovar”, que contou com a participação de representantes da ACS (Associação Campinas Startups), Liga Empreendedora, Núcleo Softex, Baita Aceleradora, IVP (Inova Ventures Participações) e da IMA (Informática de Municípios Associados), em nome da Prefeitura de Campinas.

Rogério Gabriel, empreendedor na área de educação e fundador do Grupo Prepara, contribuiu com a discussão ao apresentar seu histórico empreendedor: que começou na década de 1990, com um modelo de lojas de informática inspirado na rede americana Best Buy. Porém, que o levou a um prejuízo anos mais tarde na casa de R$ 10 milhões. “Empreendedorismo é emoção a todo tempo”, disse ele ao aconselhar os presentes a se envolver nas operações de seus negócios e nunca abandonar o mercado “na primeira dor de barriga”. “Eu até sei que demorei muito para desistir do negócio e por isso o prejuízo chegou nesse montante. Mas não dá para se assustar com a primeira crise. É preciso ter uma visão de oportunidade dentro da crise e tentar se reinventar”, afirmou.

No ramo de franchising agora, Rogério é responsável pelo Grupo Prepara, que tem mais de 850 franquias e 200 mil alunos ativos. Com um crescimento estimado em 30% ao ano, a previsão é de que o faturamento anual do grupo bata R$ 300 milhões em 2016.

Pablo Vera, da GE, também participou do Unicamp Ventures abordando o case de inovação corporativa, alterando a mentalidade e a cultura da própria empresa. Composta por 330 mil funcionários, presente em 130 países e com um faturamento estimado em US$ 150 bilhões, a GE tem hoje o Brasil como o seu terceiro maior mercado, perdendo apenas para Estados Unidos e China. “Imagine a proporção disso tudo e a dificuldade para alterar os processos dentro da GE. Antes, não podíamos ter um processo que não fosse perfeito. Mas isso nos tomava muito tempo.

Por isso, foi feita uma simplificação de processos. Antes, trabalhávamos para nossos gestores diretos e hoje trabalhamos para o cliente”, afirmou.

Entre os “mandamentos” da GE, estão hoje: “estar mais próximo dos clientes”, “aumentar a velocidade no mercado”, “capacitar e inspirar um ao outro”, “aprender e se adaptar para vencer”.

Para fechar as palestrar do encontro anual, o Unicamp Ventures recebeu o professor Erik Sander, diretor do Instituto de Inovação de Engenharia da Universidade da Flórida, que apresentou a forma com que eles lidam com iniciativas empreendedoras dentro da instituição.

“Não digo que essa é a forma correta e na qual vocês devem se inspirar. Vim aqui mostrar o que funciona para nós”, afirmou ao lembrar de um dos grandes cases de sucesso da universidade: a empresa Gatorade.

Sander apresentou os programas de incentivo a pesquisa, empreendedorismo e para envolvimento de investidores. “Para os jovens empreendedores terem sucesso, eles precisam ter habilidade. E é esse conjunto de habilidades necessárias que estamos objetivando. Ele precisam se capacitar. Não é possível se esquecer de que estamos em uma economia cada vez mais global e tudo o que podemos fazer para nos diferenciar é válido. Estamos competindo com gente de todo o lugar do mundo.”

Durante sua apresentação, criticou a demora deparada pelo empreendedor ao tentar abrir um negócio no Brasil – algo em torno de 119 dias. “Se eu quero começar uma empresa, não vou esperar quatro meses para isso.”

Segundo ele, o que fez a Universidade da Flórida conquistar a quinta colocação no índice de transferência e comercialização de tecnologia das universidades, entre os anos 2000 e 2004, apurado pelo Instituto Milken, foi a capacidade da instituição de estruturar seus programas e ter o governo como aliado para dar suporte a isso. “A Unicamp também precisa ter um planejamento e mirar onde ela vai estar em dez anos, pelo menos. A comunidade inteira tem que saber qual é essa visão, porque é a partir disso que traçam-se as metas.”

O Unicamp Ventures é uma rede de relacionamento de empreendedores criada em 2006 durante o 1º Encontro de Empreendedores da Unicamp. Esse encontro, promovido pela Agência de Inovação Inova Unicamp, tinha por objetivo integrar a comunidade de ex-alunos empreendedores e discutir temas relevantes para o fortalecimento da rede de empresários e empresas nascidas da Unicamp. O Unicamp Ventures é um espaço de relacionamento e colaboração para busca e compartilhamento de conhecimento entre empreendedores ligados à Unicamp (alunos, ex-alunos, professores, ex-professores, incubados e graduados da Incamp, a Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp). O Unicamp Ventures deve se tornar uma entidade legal a partir de janeiro de 2015.