Campeã pelo segundo ano consecutivo

FEEC conquista o primeiro lugar em Transferência de Tecnologias para empresas

Por Carolina Octaviano

Fotos: Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti

Levar ao mercado tecnologias desenvolvidas no escopo da pesquisa universitária é um desafio para muitas instituições. Na Unicamp, além da existência de uma Agência de Inovação com atuação consolidada, os resultados de destaque se devem à presença de Faculdades já criadas com perfil empreendedor e que assimilam a inovação como parte de sua missão. Esse é o caso da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC). Com quatro contratos de licenciamentos firmados apenas em 2018, sendo um com foco na criação de uma empresa spin-off, a FEEC é a vencedora do Prêmio Inventores, pelo segundo ano consecutivo, na categoria “Unidade Destaque na Transferência de Tecnologia”.

O diretor da FEEC, professor José Alexandre Diniz, credita como fator determinante para a conquista do primeiro lugar a facilidade de articular parcerias com empresas e players importantes, seja por meio de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou pela transferência de tecnologias desenvolvidas por docentes e pesquisadores no escopo da pesquisa universitária.“A FEEC tem a inovação em seu DNA”, frisa Diniz.

De acordo com o diretor, a partir do relacionamento da FEEC com o setor empresarial, é possível conhecer as demandas e necessidades do mercado, fazendo com que as pesquisas se desenrolem de modo a gerar soluções inteligentes e que atendam os anseios de empresas e da sociedade. Ele lembra que, atualmente, as pesquisas visam, principalmente, criar tecnologias inovadoras nas áreas de: Energias Renováveis, Internet of Things (IOT) ou Internet das Coisas, Biomedicina, Inteligência Artificial, Indústria 4.0, Cidades Inteligentes e 5G.

Em outras palavras, novas tecnologias e softwares deverão ser desenvolvidos na Faculdade e, por meio de licenciamentos assinados futuramente com empresas, devem chegar ao mercado em forma de produtos ou serviços, beneficiando a sociedade. “A Universidade Pública de qualidade é importante também para o desenvolvimento de tecnologias que vão impactar positivamente a vida das pessoas”, defende Diniz.

Um dos destaques, de acordo com o docente, é o projeto Smart Campus, que está sendo implementado na Universidade e que vai permitir melhorias em termos de segurança, iluminação, emprego de recursos e transporte, nos campi da Unicamp. Com o projeto, que envolve ainda a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, o Instituto de Computação (IC), o Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC), a Faculdade de Tecnologia (FT) e a Prefeitura da Unicamp, a ideia é que a Unicamp vire, de fato, um Campus Inteligente.

Cultura de inovação

Nos últimos dez anos, a FEEC firmou 23 contratos de licenciamento de tecnologia com o setor empresarial e pesquisadores da Unidade estiveram envolvidos em 109 pedidos de patentes desde 2009. Mas o pioneirismo desta Faculdade em termos de inovação é muito anterior. “Daqui surgiram várias outras instituições renomadas, como o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), o Centro de Componentes Semicondutores e de Nanotecnologias (CCSNano) e o Centro de Engenharia Biomédica (CEB), ambos centros da Unicamp”, lembra Diniz. Isto se deu, na visão do diretor da FEEC, devido à cultura de inovação que é bastante latente na Faculdade.

Ele aponta queo incentivo à inovação entre docentes, pesquisadores e alunos da Universidade é um diferencial para aproximação de grandes empresas. “Atualmente, temos vários projetos em andamento com grandes empresas públicas e privadas, em áreas que vão desde energias renováveis até telecomunicações. A Sanasa, por exemplo, está desenvolvendo em parceria com pesquisadores da FEEC um sistema voltado para o abastecimento de água”, completa.

As pesquisas realizadas na FEEC têm grande impacto na vida das pessoas. Um dos licenciamentos do ano de 2018 foi justamente o de um software resultado de pesquisa em colaboração com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Licenciada para a empresa Axxion, subsidiária da Cemig, o software é voltado para dar mais segurança ao desafio de crescimento do número de unidades de geração distribuídas de energia, elencando os diversos tipos de problemas que estas unidades podem apresentar (veja mais nas páginas 37 e 38).

Pesquisa de qualidade alinhada com demandas de mercado é um ponto positivo da FEEC, possibilitando, além da formação de recursos humanos qualificados, ganhos de royalties para a Universidade. “Nossos docentes são de alta qualidade e têm foco em pesquisa. E, cada vez mais, percebemos a importância desta parceria com empresas, até em termos econômicos, por meio dos ganhos econômicos que os projetos possibilitam para a Universidade”, aponta.

Ele enxerga que, com mais contratos com empresas, maior é o número de patentes e programas de computador, impulsionando um aumento no ganho de royalties, num círculo virtuoso de inovação tecnológica. “É comum a indústria nos procurar para resolvermos problemas. Pretendemos, diante da nossa grande capacidade, trabalhar cada vez mais com empresas, ampliando esse relacionamento”, comenta Diniz.

Empreendedorismo como resultado

Com a forte cultura voltada para inovação, surge também a presença de um ambiente que proporciona um ecossistema empreendedor. Neste sentido, os ex-alunos da FEEC são destaque não só na liderança de grandes empresas nacionais e internacionais, bem como são, junto a ex-docentes e funcionários, fundadores de um total de 137 das cerca de 700 empresas-filhas da Unicamp. Ou seja, trata-se da Faculdade da Unicamp com o maior número de empresas-filhas criadas.“Este dado é surpreendente e nos deixa muito orgulhosos”, aponta Diniz.

Entre as empresas-filhas da FEEC estão negócios já estabelecidos, como a empresa MC1, que mantém a relação com a Universidade por meio de um núcleo de pesquisa dentro do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, e startups promissoras, como a NeuralMind, criada pelo professor titular aposentado e colaborador da FEEC, Roberto Lotufo, e voltada para o desenvolvimento de produtos usando técnicas avançadas de inteligência artificial.

Diante da oportunidade de excelente formação recebida pelos alunos, Diniz acredita que os alunos de toda Universidade também estão aptos para buscar carreira no empreendedorismo, com foco especial na criação de novos negócios de base tecnológica. “Eu enxergo isso como uma tendência no mercado. Nós estamos formando engenheiros de alta qualidade e esses jovens são bastante inovadores e empreendedores. É momento de unirmos forçaspara apoiá-los a criarem cada vez mais startups”, avalia.