Tecnologia da Unicamp para avaliação de uvas recebe prêmio de inovação da Bayer

Aparelho para medição de atributos de qualidade da uva, tecnologia desenvolvida na Unicamp. O aparelho é preto, e está sendo segurado por uma mão. Em cima do aparelho está uma uva.

O invento que mede atributos de qualidade e estádio de amadurecimento das frutas para o mercado viticultor foi premiado em 30 mil reais. O dinheiro será investido em melhorias técnicas para a tecnologia 

Texto: Caroline Roxo | Foto de capa: Arquivo pessoal Bárbara Teruel

Uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf), e com pedido de patente depositado pela Agência de Inovação Inova Unicamp no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) está entre as vencedoras do Prêmio Mentes da Inovação, organizado pela Bayer e pelo LifeHub São Paulo. O invento consiste em um aparelho focado na medição dos atributos de qualidade e estádio de amadurecimento em uvas destinadas à produção de vinhos.

A tecnologia pensada para o mercado viticultor foi selecionada entre doze projetos das áreas de saúde e agricultura com potencial inovador e de mercado. Os ganhadores do Prêmio Mentes da Inovação recebem uma premiação de 30 mil reais, podendo receber o apoio do LifeHub São Paulo para a aceleração das soluções apresentadas. O intuito do prêmio é impulsionar e valorizar projetos de pesquisa capazes de gerar produtos ou soluções inovadoras para o mercado consumidor. 

Professora Bárbara ao lado de uma vaso de flor. Ela está usando uma blusa preta e possui cabelos vermelhos na altura do ombro. “O prêmio vai nos ajudar a continuar com os estudos e pesquisas em torno da tecnologia, a fim de melhorarmos ainda mais as questões técnicas do aparelho, como a possibilidade de armazenar os resultados em nuvem”, conta Bárbara Teruel, pesquisadora da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI), da Unicamp, que orientou a pesquisa de doutorado que deu origem à tecnologia. 

A motivação para trabalhar com essa tecnologia surgiu a partir da pesquisa de doutorado de Daniel Costa, orientada por Bárbara Teruel. A pesquisa contou com a colaboração de Rodrigo Ramos, pesquisador e docente na Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf), onde também atua Daniel Costa. Os pesquisadores detectaram a necessidade no mercado produtor de uvas destinadas à vinificação que está em expansão no Brasil, somando regiões do nordeste do país. 

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica um aumento de 4,9% na safra de uva em 2021. Isso também foi notado durante as validações dos testes do equipamento, nomeado como OPTOFruit, feitos juntamente a uma fazenda localizada no município de Lagoa Grande, em Pernambuco, região do Vale de São Francisco, com forte potencial para a produção e comercialização de frutas.

“Os donos de vinícolas brasileiras estão cada vez mais aumentando as vendas e crescendo no mercado em relação à qualidade dos vinhos e das uvas. Nesse cenário, nosso equipamento facilita a análise de parâmetros que definem o ponto de colheita e a qualidade de cada safra”, explica Teruel. 

Diferencial da tecnologia da Unicamp

Saber sobre a qualidade de uma safra de uva requer análises destrutivas, tempo e investimento alto, pois o produtor precisa colher bagas de uvas e enviar para análise em laboratórios especializados. O aparelho OPTOFruit não requer análise laboratorial e pode ser feito diretamente no campo, sem perdas, basta posicionar o equipamento de forma estratégica nos cachos de uvas que serão as amostradas, obtendo os resultados das medições por meio de software instalado em qualquer computador.

“A análise é feita por meio do posicionamento estratégico do OPTOFruit e pela liberação de feixes de luz, convertendo respostas óticas em atributos de qualidade da uva, sem a necessidade de retirar a uva do cacho. Os atributos de qualidade envolvem a acidez, açúcares, grau de amadurecimento, antocianinas e flavonoides. Estes dois últimos fazem parte dos compostos fenólicos, uns dos principais componentes do vinho tinto, e que segundo os resultados de diversas pesquisas podem auxiliar na prevenção de doenças. A determinação destes compostos dependem da existência de cromatografia e técnicas especializadas, e nem sempre são realizados ”, explica Teruel.

O OPTOFruit foi validado chegando à prova de conceito para medições nas uvas das variedades Cabernet Sauvignon e Syrah, no entanto, é possível alterar as configurações para a análise de outras variedades de uvas e até outros tipos de frutas, conforme demanda e necessidade do produtor. 

“O processo, além de reduzir o tempo de análise, custa bem menos para os produtores, pois não requer estrutura laboratorial e pode ser realizado em campo com prévias orientações e instruções”, afirma a pesquisadora.

O aparelho ainda não é comercializado. Para que possa chegar ao mercado, é necessário que seja feito o licenciamento da tecnologia. Empresas ou startups interessadas em atuar com esse segmento podem negociar uma licença para exploração da propriedade intelectual de titularidade da Unicamp para venda direta, ou optar por outras estratégias de negócios, como aluguel e serviços de consultoria. Mais informações no site da Inova na área Conexão com Empresas.

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