Unicamp licencia tecnologia para diminuir uso de antibióticos em rações de peixes

Na foto está a pesquisadora Marta, responsável pela tecnologia. Ela está vestindo uma blusa azul, tem cabelo na altura do ombro, é branca e está sorrindo. Ela está a frente de um campo com árvores verdes. Fim da descrição.

A tecnologia apresenta formulação feita a partir de óleos essenciais que melhora o sistema imunológico de peixes na presença de bactérias patogênicas quando adicionada à ração do animal.

Esta reportagem compõe a série Prêmio Inventores | Texto: Caroline Roxo | Foto: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

O uso de peixes na dieta humana é muito recomendado por nutricionistas e especialistas em função de seu perfil nutricional. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, recomenda o consumo de duas porções de pescado por semana, totalizando 250 g semanais. No Brasil, entretanto, a média de consumo ainda não é a ideal e, principalmente, o país apresenta uma discrepância de consumo conforme a região. O consumo do pescado é mais comumente usado na culinária da região norte, enquanto na região sul ainda há prevalência da preferência pela carne vermelha. 

Por outro lado, o aumento da produção de peixe em cativeiro pode ampliar a oferta de pescado e, com isso, possibilitar o aumento do consumo em todas as regiões do país. Mas, apesar da grande potencialidade da aquicultura, ainda há desafios tecnológicos a serem enfrentados para diminuir o impacto ambiental e ampliar cada vez mais a qualidade do pescado voltado para o consumo humano. Neste contexto, uma tecnologia desenvolvida no Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp (CPQBA) pode ser uma aliada para a produção de peixes em maior escala por meio da aquicultura.

A tecnologia trata de uma alternativa natural para prevenção e tratamento de bacterioses na aquicultura. Atualmente, o uso de antibióticos é o principal tratamento aplicado para o controle das bacterioses em peixes, porém, seu uso excessivo pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes e também à poluição do meio ambiente. O desafio de substituir os antibióticos na dieta dos peixes foi tratado na pesquisa de doutorado, desenvolvida na Unicamp pela aluna Renata Antunes Estaiano de Rezende. Sob a orientação da pesquisadora Marta Cristina Teixeira Duarte, Rezende testou 71 óleos essenciais voláteis, até encontrar a composição ativa exata para combater os três principais tipos de bactérias que atingem a produção industrial de peixes e mariscos. 

O resultado da pesquisa é uma formulação feita a partir dos óleos essenciais das espécies de tomilho, tomilho vermelho e alecrim pimenta, que, quando aplicada à ração, resultou no aumento da imunidade dos peixes. “Notamos um aumento significativo na quantidade de leucócitos em peixes que consumiram a ração com a mistura dos óleos”, declara Duarte. Também participaram do desenvolvimento os pesquisadores Rodney Alexandre Rodrigues e Marili Villa Nova Rodrigues, da Unicamp.

A solução foi protegida por meio de patente pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que também foi responsável por negociar o contrato de licenciamento para a empresa Terpenia, constituída com foco para o desenvolvimento de novos produtos a partir de tecnologias inovadoras, advindas da Unicamp.

“Nossa equipe está muito satisfeita com a parceria entre a Terpenia e a Unicamp. A Inova nos deu um ótimo suporte em orientação e formalização das licenças. Além disso, estamos estudando novas possíveis tecnologias para englobar em nosso portfólio de atuação”, avalia Wolney Longhini, sócio consultor e responsável pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Terpenia.

Próximos passos da tecnologia em direção ao mercado

Para fazer os testes de efetividade da formulação, Rezende fez, durante as pesquisas na Unicamp, um pequeno furo na ração de peixe comercial e inseriu a formulação com os óleos dentro do alimento, alcançando bons resultados em pequena escala. A próxima fase do desenvolvimento é conseguir ampliar a escala, de maneira a produzir um suplemento a partir da formulação. Para esta etapa, a empresa Terpenia está em busca de parceiros. 

“Identificamos o potencial para geração de um suplemento que pode reduzir o uso de antibióticos na alimentação de peixes para o controle de bacterioses.  No momento, estamos em busca de parceiros para o desenvolvimento em escala industrial”, comenta Longhini.

Prêmio Inventores 2022

Inventores premiados neste licenciamento:

Os inventores da nova formulação, Marta Cristina Teixeira Duarte, pesquisadora titular, Renata Antunes Estaiano de Rezende, Rodney Alexandre Rodrigues e Marili Villa Nova Rodrigues, foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2022.

Programação de homenagens

Essa matéria faz parte da série de reportagens produzida pela Inova Unicamp sobre algumas das tecnologias licenciadas, que podem ser lidas pelo site da Inova e também em formato ebook na Revista Prêmio Inventores (com lançamento previsto para junho). Também já está agendado um webinar com conteúdo sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para o dia 08 de junho (inscrições abertas ao público geral).

Confira todos os premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2022 são: ClarkeModet; 3M; e Neger Telecom