19 de junho de 2023 Pesquisadores da Unicamp desenvolvem teste inédito para avaliar performance auditiva no Brasil
Tecnologia protegida com apoio da Inova Unicamp possibilita avaliações, em português, para o processamento auditivo espacial de ouvintes.
Texto: Agnes Sofia Guimarães | Foto:Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp
A capacidade auditiva do ser humano consegue diferenciar sons diversos que circulam no mesmo ambiente – percepção que especialistas definem como processamento auditivo espacial. No entanto, limitações podem surgir em muitos casos.
Para avaliar a performance auditiva, uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um programa de computador que pode contribuir para o diagnóstico de indivíduos com queixas de dificuldade de compreensão em ambiente ruidoso.
O Teste de Processamento Espacial com Sentenças no Ruído é a primeira versão, em português, do Listening in Spatialized Noise-Sentences-Test (LISN-S), teste em inglês, para identificar quando pacientes encontram dificuldades para focar na percepção de determinados sons em detrimento de outros vindos de diferentes locais.
“Não tínhamos uma versão em português até agora, mas tivemos contato com os idealizadores da tecnologia original, o que aumenta a confiabilidade sobre o que conseguimos desenvolver aqui”, explica um dos participantes do desenvolvimento da tecnologia, Bruno Sanches Masiero, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).
O programa de computador foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp para proteger a propriedade intelectual da tecnologia e foi incluído no Portfólio de Patentes e Softwares da Universidade.
Diagnóstico auditivo realizado pelo programa de computador da Unicamp
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, o Brasil possui cerca de 2,2 milhões de pessoas com perda auditiva decorrente de alterações na orelha externa, média e/ou interna. Comprometimento nas vias e estruturas centrais auditivas podem levar ao denominado Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), cujo principal sintoma é a dificuldade de compreender a mensagem em ambiente ruidoso. Novos testes poderão contribuir com o diagnóstico do TPAC mais preciso e contribuir de maneira mais assertiva com o planejamento terapêutico em crianças e adolescentes.
“Hoje, as equipes de fonoaudiologia sabem que o desenvolvimento da fala e da audição de crianças e adolescentes precisa contar com uma equipe multidisciplinar, para identificar em que medida os possíveis problemas apresentados vão ter impacto não só na saúde, mas até mesmo no próprio processo de aprendizado das crianças”, explica Maria Francisca Colella dos Santos, professora da FCM e coordenadora do projeto de idealização da tecnologia.
No teste desenvolvido pelos pesquisadores da Unicamp, o especialista que usa a ferramenta deve inserir as informações do paciente. O programa apresenta quatro condições de teste, conectando a uma placa de som, que vai reproduzir, de forma síncrona, duas histórias infantis e uma sequência de frases de teste.
Conforme o teste é realizado, o paciente deve repetir ao especialista as palavras que consegue identificar e a quantidade dos acertos é anotada no software, que vai ajustando o nível sonoro da frase seguinte, conforme a evolução das etapas até chegar ao critério estabelecido pelo especialista.
Pesquisadores agora buscam por empresas que levem a tecnologia à sociedade
Os pesquisadores acreditam que o programa de computador intitulado ProSER poderá ser utilizado por especialistas fonoaudiólogos, médicos, instituições públicas e privadas, ou empresas de produtos fonoaudiólogos.
O programa de computador pode ser licenciado por empresas que comercializam softwares e sistemas online para triagem ou treinamento auditivo. Empresas ou instituições interessadas na tecnologia devem contatar, via formulário de Conexão Pesquisa e Mercado, a Inova Unicamp, órgão responsável na Universidade por receber os contatos e realizar as negociações para transferência de tecnologias.
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