Tudo EP | Maracujá possui propriedades que podem prevenir o envelhecimento da pele

Esta é uma imagem vibrante e colorida que exibe uma variedade de frutas tropicais. No centro, há dois maracujás cortados ao meio, revelando suas sementes e polpa. Eles estão cercados por limões inteiros, abacaxis e laranjas. O fundo amarelo destaca as cores vivas das frutas, criando uma atmosfera tropical. A imagem é um close-up, permitindo que os detalhes das frutas sejam claramente vistos.

Unicamp desenvolveu método mais eficiente e sustentável para a extração dos insumos da fruta

Texto: Marina Fávaro | Especial para o tudo ep

Fato é que o consumidor está cada vez mais exigente e preocupado com a sustentabilidade em virtude da emergência climática e da consciência socioambiental. É nesse cenário que os consumidores passam a dar preferência aos produtos constituídos por insumos naturais, saudáveis e sustentáveis; e a indústria, por sua vez, também passa a incorporar esse tipo de mentalidade no desenvolvimento dos produtos e serviços.

Foi pensando nisso que pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA-Unicamp) se debruçaram sobre o maracujá, uma fruta nativa do Brasil e que tem propriedades valiosas. É fonte de bioativos benéficos ao organismo. Os pesquisadores constataram que a fruta reserva em suas sementes compostos com potencial de prevenir o envelhecimento da pele.

Fruto de uma parceria com a Rubian Extratos, que licenciou a patente, a pesquisa é liderada pelo grupo do professor Julian Martínez. Na prática, a Unicamp desenvolve o conhecimento técnico e científico, e a Rubian Extratos oferece os extratos de bioativos do maracujá no mercado, especialmente para indústrias de cosméticos, para que os insumos sejam utilizados na produção de loções hidratantes, por exemplo.

“O maior ganho dessa parceria é conseguir uma relação próxima e eficiente entre a pesquisa feita na Universidade e o setor produtivo. A Rubian Extratos, por ter começado como uma startup incubada na Unicamp, se envolveu diretamente com a pesquisa realizada em nosso grupo, e foi o caminho para levar esta tecnologia do laboratório para o mercado”, disse o professor.

Segundo o professor Martínez, o maracujá possui propriedades que estimulam a renovação celular (processo natural e diário que consiste no descarte das células velhas e mortas da pele por células novas) e a produção de colágeno (responsável por manter a estrutura, a firmeza e a elasticidade da pele), o que contribui para que a fruta tenha poder antienvelhecimento.

Apesar das pesquisas sobre as propriedades antienvelhecimento terem começado há alguns anos, as atuais pesquisas também demonstraram que os extratos podem inibir a produção de enzimas responsáveis pela degradação do colágeno e elastina (garante a elasticidade aos órgãos e tecidos, ou seja, permite com que as estruturas se estiquem e retornem à forma natural) e estimular a proliferação de queratinócitos (células mais numerosas da pele).

Além de identificar as propriedades benéficas do maracujá, o grupo do professor Martínez também desenvolveu um método mais eficiente para a extração dos insumos que visa, sobretudo, a preservação do meio ambiente, já que as técnicas convencionais apresentam problemas relacionados ao rendimento, ao tempo de obtenção e ao uso de solventes. Todos esses fatores podem comprometer a qualidade dos extratos, mas também causar danos ao meio ambiente. Então, com o novo método, a Unicamp busca reverter o cenário.

“Sustentabilidade é importante em qualquer processo produtivo”, ressaltou o professor. Para isso, segundo ele, o método, que se baseia na extração contínua com fluidos pressurizados (realizada a partir de solventes limpos e altas pressões), possui três pilares a serem destacados: 

1) O processo permite aproveitar o bagaço de maracujá, que é um resíduo agroindustrial, oferecendo uma alternativa para evitar o desperdício;

2) O método de extração usa solventes verdes (não são derivados de petróleo) e, com isso, o impacto ambiental é diminuído;

3) Sendo o maracujá um produto brasileiro, o aproveitamento e valorização do bagaço podem ser uma fonte de recursos para produtores locais, resultando em sustentabilidade econômica e social.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2022, o Brasil produziu mais de 690 mil toneladas de maracujá no território.

Texto publicado originalmente pela Tudo EP