Diretora de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Campinas fala sobre os desafios e planos para elevar os índices de Inovação

Ajudar a transformar Campinas na capital da Ciência, Tecnologia e Inovação da América Latina. Essa é a meta de Mariana Savedra, Diretora de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura Municipal de Campinas. Em entrevista à Revista Digital Inovação em Foco, ela fala sobre os desafios que afetam o desenvolvimento sócio econômico brasileiro e o que o município vem fazendo para elevar os indicadores de Inovação da cidade. Uma das parceiras do Arranjo NIT Mantiqueira, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo vem articulando uma série de ações no sentido de desenvolver o potencial inovador da região.

NIT Mantiqueira: Qual sua avaliação sobre o cenário atual da Inovação no Brasil perante o contexto internacional?

Mariana Savedra Pfitzner: De acordo com relatório do Índice Global de Inovação realizado em 2013, o Brasil ocupa a 64° posição no ranking de inovação. Qual a razão desse cenário? Podemos considerar três questões críticas para melhorar o nosso Índice: a produtividade, os custos de transação do país e o enfoque das políticas públicas de ciência e tecnologia. A nossa produtividade ainda não é comparável a de países desenvolvidos e os custos de transação referem-se aos riscos que o empresário muitas vezes enfrenta para fazer negócios no país. As políticas públicas de ciência e tecnologia precisam estar mais focadas nas necessidades das empresas, especialmente das startups. Nesse sentido, nós gostaríamos de fazer muito mais pelas startups, isto é, termos condições de oferecer financiamento e subvenções para as empresas com alto potencial inovador. Resumindo, nós poderemos melhorar a posição no ranking internacional se o setor privado elevar sua produtividade, se criarmos um ambiente de negócios mais acolhedor e se as políticas de ciência e tecnologia estiverem atentas às demandas das empresas de potencial inovador.

NIT Mantiqueira: Em sua visão, como Campinas e a Região Metropolitana de Campinas (RMC) situam-se nesse cenário?

Mariana Savedra Pfitzner: Campinas realmente é um polo de Ciência, Tecnologia e Inovação. Nós temos cinco parques tecnológicos. Isso é muito positivo, pois nenhuma outra cidade do país tem essa estrutura. No entanto, perdemos investimentos importantes na última década. Estamos retomando isso, criando oportunidades para que os empreendedores façam negócios em Campinas. Temos trabalhado para desburocratizar e fomentar o ecossistema empreendedor. Portanto, penso que estamos caminhando bem. Atualmente, tentamos nos recolocar como capital nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação. Esse desafio é grande.

NIT Mantiqueira: Do ponto de vista do governo municipal, há um projeto de desenvolvimento para a cidade, relacionado à Ciência, Tecnologia e Inovação? Quais as ações que a Prefeitura de Campinas vem desenvolvendo nesse sentido?

Mariana Savedra Pfitzner: Sim. E o nosso Programa de Ciência e Tecnologia é o primeiro no âmbito municipal. Criamos a primeira aceleradora municipal, premiações para startups, cursos de capacitação, no qual o NIT Mantiqueira é um de nossos parceiros, e realizamos a Semana de Ciência e Tecnologia em parceria com o CTI. Estamos fomentando o empreendedorismo tecnológico por meio de capacitação e premiações de estímulo. A Prefeitura oferecerá, também, benefícios fiscais para empresas startups e para as organizações consolidadas que atuam em Pesquisa e Desenvolvimento.

NIT Mantiqueira: Como esses projetos se relacionam com as iniciativas estaduais e federais?

Mariana Savedra Pfitzner: Estamos alinhados com as iniciativas estaduais e federais, com o Programa Brasil Maior e com a política industrial da Presidenta. Estamos trabalhando, só não temos recursos para investir nas empresas startups, o que pretendemos fazer por meio da parceria com bancos e com a Agência de Desenvolvimento e Inovação a ser criada.

NIT Mantiqueira: Estudiosos da Inovação afirmam que a maturidade de um Sistema de Inovação, seja ele nacional, regional ou local, está estritamente ligada ao comportamento colaborativo. Em sua opinião, há essa cultura de colaboração entre os atores dos nossos Sistemas?

Mariana Savedra Pfitzner: Há sim, porém em menor intensidade face aos países desenvolvidos. E isso precisa ser transformado. Aqui no Brasil é comum as pessoas dizerem: “eu não participei desse processo, não fui envolvido, portanto não vou apoiar”. Esse comportamento é sistêmico e prejudica muito a colaboração e os seus resultados. Note-se que, para fazer pesquisa com baixo custo e alto impacto, a colaboração entre os atores do ecossistema, isto é, governo, empresa e universidade, é insumo essencial. E essa colaboração ocorre de várias formas, ou seja, através do desenvolvimento tecnológico conjunto, da concessão de benefícios fiscais e financiamento à P&D.  

Fonte: Inovação em foco – NIT Mantiqueira