Cultura da Propriedade Intelectual nas universidades amplia as chances de se gerar valor para a indústria nacional

Texto: Vanessa Sensato

Foto: Thomaz Marostegan

Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Propriedade Intelectual, a Agência de Inovação Inova Unicamp divulgou seus resultados de 2015, com destaque para os números recorde na interação universidade-empresa, completando 125 patentes licenciadas em um portfólio de 984 patentes vigentes.

Neste mesmo ano, a Unicamp também obteve um número recorde de concessões de patentes no INPI. Foram 35. O maior número da série histórica. A diretora de propriedade intelectual da Inova Unicamp, Patrícia Leal Gestic, em entrevista, comenta as estratégias de gestão de PI na Unicamp e aproveita para enviar uma mensagem à comunidade acadêmica da Unicamp.

   Patrícia, qual a importância da cultura da propriedade intelectual no escopo das universidades e centros de pesquisa públicos?

   É importante lembrar que com a cultura de propriedade intelectual no escopo da Universidade ampliamos as chances de se gerar cada vez mais valor para a indústria nacional, de forma a tornar mais competitivo nosso mercado por meio de inovações e tecnologias geradas nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

   Você sente que há uma mudança na mentalidade das empresas no Brasil no que tange o trabalho em conjunto com as universidades?

   Sim, as empresas estão cada vez mais abertas para trabalhar em parceria. Mas quero destacar que não somente elas estão mais abertas, mas também a comunidade acadêmica está mais receptiva para desenvolver projetos que supram um desafio tecnológico direto da empresa. É importante dizer que nestas atividades em parceria com a indústria, a universidade não deixa de lado seu papel no ensino, mas reforça sua missão de pesquisa e extensão, o que corrobora para gerar valor final para a sociedade.

   Com que tipo de empresas a Unicamp trabalha atualmente para transferir sua tecnologia?

   Trabalhamos não somente com as grandes empresas, mas também com pequenas e médias empresas inovadoras. As pequenas empresas têm se tornado cada vez mais grandes parceiras das universidades, inclusive para licença de patentes.

 

Em 2015 a Unicamp obteve um recorde no número de patentes concedidas, como é o trabalho da equipe de propriedade intelectual junto à comunidade acadêmica?

Procuramos sempre estar próximos à comunidade, seja para prospecção, novas invenções, análise de patenteabilidade, redação e acompanhamento dos pedidos de patente, seja na oferta de treinamentos na área. Somente este ano estivemos em seis unidades, participando das aulas inaugurais. Estamos ainda agendando com várias unidades esta participação.

No ano passado, promovemos em parceria com a Biblioteca Central (SBU) onze cursos para divulgação de ferramentas de informação de patente, disponíveis na Universidade. Abordamos tanto ferramentas públicas gratuitas, como as ferramentas do USPTO, o Espacenet e a ferramenta do INPI, como ferramentas pagas: o Derwent Thomson Innovation, disponibilizada pela Unicamp sem custos via Capes, e a plataforma Questel Orbit, disponibilizada pela SBU. Trabalhamos junto à comunidade acadêmica com o objetivo de despertar cada vez mais seu interesse em utilizar a informação de patentes no escopo da pesquisa na Universidade para otimizar tempo e buscar um resultado inédito em novos projetos, o que é uma das premissas de um bom projeto científico.

Entre as novas estratégias da Unicamp para divulgação das patentes, uma tem chamado a atenção de muitos pesquisadores: o uso de perfis tecnológicos para as patentes. Poderia comentar sobre isso?

Sim, atualmente a patente depositada na Unicamp ganha um perfil tecnológico totalmente repaginado, que é um material de marketing para empresas para atrair oportunidades de transferência. A Inova já vem disponibilizando perfis de patentes há alguns anos mas recentemente optamos por gerar um material de marketing com design elaborado e mais atrativo para o público empresarial. Sua qualidade visual e técnica tem trazido uma boa aceitação e tem sido um instrumento de abordagem em empresas por nossos profissionais de parcerias e transferência de tecnologia. Já tivemos um caso interessante, em que uma empresa Coreana nos contatou após ter acesso ao perfil na mídia, em que, eles mesmos fizeram a tradução.

Modelos de Perfis Tecnológicos