FEA é premiada como destaque na Proteção à Propriedade Intelectual na Unicamp

Foto da Profa. Mirna Gigante, diretora da FEA Unicamp, e do Prof. Julian Martínez, diretor associado da FEA Unicamp. Ambos são brancos, a professora usa óculos e o professor é mais alto. Eles seguram o troféu nas mãos , feito em acrílico com a silhueta de duas cabeças que formam a imagem de uma lâmpada ao centro. Os professores estão em ambiente externo com a placa de identificação e os prédios da FEA atrás de si. Fim da descrição.
A Faculdade de Engenharia de Alimentos  da Unicamp teve 15 projetos depositados no INPI, em 2021, envolvendo 31 inventores da unidade, no esforço à proteção de invenções que movem a inovação em diversas áreas.

Esta reportagem compõe a série Prêmio Inventores 2022 |  Texto: Ana Paula Palazi | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

A Faculdade de Engenharia de Alimentos foi reconhecida no Prêmio Inventores da Unicamp por se destacar nos pedidos de proteção à propriedade intelectual da Universidade Estadual de Campinas. A premiação é organizada e entregue pela Agência de Inovação Inova Unicamp e reconheceu 15 projetos da unidade que foram depositados entre janeiro e dezembro do ano passado, envolvendo 31 inventores da FEA. Essa é a segunda vez que a faculdade recebe o prêmio nessa categoria – a primeira foi em 2019. 

A honraria busca valorizar os esforços empreendidos por professores, pesquisadores, alunos e funcionários na proteção de conhecimentos que atendam às demandas da sociedade, possam gerar inovação e fomentar a criação de parcerias e novos negócios. A diretora da FEA, professora Mirna Gigante, celebrou a conquista da unidade e afirmou que o prêmio é um reconhecimento do importante trabalho coletivo desenvolvido pela instituição e que remete às bases da fundação da faculdade.

“Esse prêmio é motivo de orgulho para nós. A FEA nasceu junto com a Unicamp por uma iniciativa do professor André Tosello e mantém desde sua criação a busca pela excelência em pesquisa, ensino e inovação. A multidisciplinaridade da área de alimentos permite a integração de conhecimentos de engenharia, tecnologia, ciências e nutrição que colaboram com a formação de um profissional preparado, com conhecimento amplo, integral e aprofundado, permeia o trabalho dos docentes e dos alunos e traz desafios que movem a inovação”, disse. 

Destaque na Proteção à Propriedade Intelectual

Em 2021, com a pandemia da covid-19 ainda mantendo os laboratórios e salas de aula da Universidade parcialmente fechados, os pesquisadores da FEA foram responsáveis por 25% do total de 58 proteções de propriedades intelectuais da Unicamp protocoladas no ano. 

Entre elas estão 5 pedidos internacionais de patente feitos com base no Tratado de Cooperação em Patentes (PCT), 4 patentes de invenção e 4 certificados de adição (aperfeiçoamento e desenvolvimento complementar) solicitados diretamente ao INPI, além de 2 pedidos em fase nacional, com depósitos na Europa e Estados Unidos. Neste caso, trata-se de uma tecnologia já licenciada da Unicamp desenvolvida em cotitularidade com a empresa S Cosméticos do Bem

O processo inovador a partir de um vegetal com propriedades nutricionais e medicinais chegou ao mercado brasileiro na forma de produtos dermocosméticos, mas pode beneficiar também o combate a doenças virais e parasitárias. A empresa foi fundada pela ex-aluna da Unicamp, Soraya El Khatib. No ano passado, Soraya foi escolhida Empreendedora do Ano da Unicamp por se destacar na categoria Impacto Socioambiental. Ela criou sete selos de qualidade que indicam o cuidado da startup com a cadeia produtiva. Essa preocupação com a sustentabilidade é um dos pilares que movem a inovação na FEA.

“A área de alimentos é dinâmica porque lida intimamente com os consumidores. Isso  faz com que os pesquisadores da FEA sejam estimulados a inovar com frequência. A questão da sustentabilidade ambiental é muito mais forte hoje e pressiona a indústria a desenvolver processos mais eficientes, com menos poluentes e maior aproveitamento de resíduos. Essa demanda impulsiona o trabalho científico, tecnológico e inovativo da FEA”, explicou o diretor associado da FEA, professor Julian Martínez.

Planejamento estratégico

Neste ano, a Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp deu início à aplicação do novo planejamento estratégico, que traz como missão formar profissionais e produzir ciência de alimentos de alto nível para o bem-estar social. Entre os objetivos estratégicos e metas definidas estão: a maior interação com o setor privado e a gestão de pesquisa com incentivo ao empreendedorismo.  “A FEA tem feito uma série de melhorias em termos de gestão e esse novo planejamento estratégico é um elemento importantíssimo, alinhado com os desafios que se impõem à pesquisa de excelência e o que esperamos do futuro”, ressaltou Mirna. 

No ano passado, a FEA assinou um convênio de parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) para educação e popularização da ciência, focado em ampliar o conhecimento da população sobre o processamento de alimentos e os profissionais que atuam na área. O projeto “Processamento de alimentos para curiosos” promoverá debates online liderados pelo corpo docente da Unidade com transmissão ao vivo.

A FEA é pioneira em sua área na América Latina, surgida em 1966, quando a profissão de engenheiro de alimentos nem era regulamentada no país. Influenciou mudanças, abastecendo a indústria brasileira nascente com profissionais altamente qualificados e produzindo pesquisas que levaram a inovações presentes em nosso dia a dia, como a carne de soja; e a goma xantana nacional, usada, por exemplo, na produção de pães sem glúten. 

A diretora lembra que em 1975 os jornais da cidade já mostravam o papel da FEA no desenvolvimento do elemento base para produção da carne vegetal. Os conceitos desenvolvidos naquela época encontram, hoje, um mercado em plena ascensão e quase seis décadas depois os estudos da FEA continuam impactando diversas cadeias. “Atualmente, os produtos plant based constituem temática de inovação de muitas pesquisas correntes na Unidade, com foco em sustentabilidade e saúde”, cita a diretora. 

Outro exemplo foi o desenvolvimento do primeiro bioinseticida brasileiro não-tóxico ao meio ambiente para combate ao mosquito Aedes aegypti. A patente que descreve o processo com o Bacillus thurigiensis foi depositada na década de 1980, sendo a primeira com inventores da FEA. Ela permaneceu ativa até 2000 e é usada na indústria para controle biológico de pragas até hoje. 

Aproximação com a indústria

Nas últimas três décadas, a FEA esteve envolvida em 187 pedidos de patentes depositados em nome da Unicamp. Desse total, mais de 80% continua ativo e representa 14% de todo o Portfólio de Patentes da Unicamp. Os ganhos financeiros associados aos royalties de patentes ativas licenciadas constituem uma importante fonte de recursos dentro do orçamento da faculdade. “Esses recursos são fundamentais, reinvestidos na estrutura da própria FEA e nos permitem trabalhar com maior flexibilidade e eficiência”, conta Martínez. 

Desde 2020, uma parceria entre a Inova e a FEA  tem sido usada para avaliar todo o portfólio de proteções vinculadas à Unidade por meio de uma nova metodologia de análise estratégica, que auxilia a  identificar tecnologias com maior potencial para formação de empresas spin-offs e geração de negócios. 

A diretora de Propriedade Intelectual da Inova Unicamp, Raquel Moutinho Barbosa, explica que a FEA tem um perfil interessante para a aplicação da nova metodologia porque já possui a cultura da propriedade intelectual bastante difundida entre docentes e pesquisadores. Um dos elementos que comprovam esta posição é a baixa taxa de recusa entre os depósitos de patentes da FEA, resultado de uma conjunção de fatores que englobam a força de pesquisa da unidade e o trabalho de análise da Inova

“Desde a comunicação de invenção, temos um processo de análise integrado e focado no potencial de gerar inovação e um esforço de prospecção para que as tecnologias com esse potencial não sejam apenas números em nosso portfólio, mas de fato cheguem à sociedade”. Raquel também falou sobre as ações promovidas na Agência no último ano para fortalecer o trabalho junto aos professores, pesquisadores, alunos e funcionários da Unicamp. “A Inova em parceria com os inventores vem cada vez mais investindo na qualidade desse processo”.

PRÊMIO INVENTORES 2022

UNIDADE PREMIADA EM PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL

Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA Unicamp) 

Diretores da Unidade: Profa. Mirna Gigante, diretora da FEA Unicamp, e Prof. Julian Martínez, diretor associado da FEA Unicamp.

PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS

Essa matéria faz parte da série de reportagens produzida pela Inova Unicamp sobre algumas das tecnologias licenciadas, que podem ser lidas pelo site da Inova e também em formato ebook na Revista Prêmio Inventores (com lançamento previsto para junho). Também já está agendado um webinar com conteúdo sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para o dia 08 de junho (inscrições abertas ao público geral).

Confira todos os premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2022 são: Pulse HubClarkeModet3M; e Neger Telecom

Acesse a lista de premiados da edição Prêmio Inventores de 2022.