Plataforma inteligente de startup da Unicamp facilita oferta e seleção de fornecedores de serviços de tecnologias da informação

Foto colorida mostra um cenário de gravação onde um homem negro e um homem branco estão sentados frente a uma mesa de madeira. Em pé uma mulher branca também sorri para a foto. Ao fundo há uma TV com a marca da empresa MatchIT e a legenda Match the chalenge, em inglês. A TV está pendurada em uma parede de tijolinhos. Na lateral uma prateleira com livros, canecas e outros objetos. Fim da descrição.
Logo Unicamp Ventures com o escrito e um arco com degradê do verde ao azul. Fim da descriçãoA plataforma de inteligência artificial da MatchIT, hospedada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, oferece de forma rápida e com critérios estabelecidos individualmente por cada contratante quais são as melhores opções de fornecedores de serviços de tecnologias da informação para cada demanda. O sistema está sendo aprimorado em parceria com a Unicamp e conta com apoio do PIPE FAPESP.

Esta matéria faz parte da série de reportagens produzidas pela Inova sobre as empresas que compõem o ecossistema empreendedor da Unicamp. Saiba que tipos de empresas podem integrar esse ecossistema e como se cadastrar na página de Vivência Empreendedora.

Texto: Kátia Kishi | Fotos: Divulgação MatchIT

Em um mercado cada vez mais competitivo e com crescente escassez de profissionais especializados para demandas específicas, tornou-se lento o processo de contratação de um profissional na área de tecnologia da informação (TI). Mas os desafios do setor não são apenas para contratar um profissional. Hoje, também existe um gargalo no mercado corporativo para contratar empresas compatíveis com o grau de especialização e outros aspectos desejáveis para a interação entre contratado e contratante, que vão além do preço

Essas análises foram apresentadas no primeiro Panorama MatchIT, realizado neste ano pela startup hospedada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, que coletou e analisou dados de 577 empresas, sendo 410 fornecedores e 167 contratantes. O mapeamento sobre a percepção de uma união de sucesso entre fornecedores e contratantes destaca que a experiência anterior dos fornecedores no setor especializado da demanda é um fator decisivo para 32% das contratantes, à frente do preço (23%) que ficou em segundo lugar. Outros fatores que afetam em graus diferentes para cada contratante são cultura corporativa, sinergia com o time e disponibilidade para implementar uma solução dentro do prazo do cliente.

Com propósito de facilitar a união entre os fornecedores com esses e outros aspectos elencados individualmente como prioridade por quem contrata, a empreendedora em série e CEO da MatchIT, Rose Ramos, explica que junto a outros sócios fundou em 2021 a startup para oferecer os fornecedores mais compatíveis para cada demanda de forma ágil e baseada em inteligência artificial:

“Resolvemos a dor de quem contrata ao encontrar os melhores fornecedores com rapidez e privacidade, ou seja, sem ter que compartilhar o seu número de WhatsApp ou e-mail preenchendo diversos formulários online para buscar um orçamento. E com o diferencial de fazermos isso de forma inteligente e automática. Vimos que não é só o preço que as empresas avaliam ao contratar um fornecedor nesse ramo. Outros aspectos são avaliados porque, às vezes, o custo do projeto mal implementado é maior do que o investimento inicial no projeto que foi feito por quem não é especialista em seu setor”, explica Ramos, que é ex-aluna de Tecnologia de Alimentos do Colégio Técnico de Campinas (COTUCA) e engenheira de alimentos pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA Unicamp).

A empresa atua no modelo “freemium”, em que tanto quem oferta quanto quem demanda por tecnologias da informação podem usar a plataforma gratuitamente. Porém, alguns recursos são exclusivos aos assinantes do pacote “premium”. Segundo a startup, em menos de um ano de operação a empresa já conta com mais de 650 usuários e 10 clientes premium que usufruem de recursos extras da plataforma, como destaque de publicidade e dados consolidados de inteligência para análise do mercado.

Algoritmo em aperfeiçoamento na Unicamp e com recursos PIPE FAPESP

A empreendedora explica que hoje o prazo de espera para o retorno das combinações varia de 30 minutos a 72 horas, considerado rápido quando comparado a outros concorrentes que fazem os matches (termo em inglês para combinações e que dá nome à empresa) de forma totalmente manual. O prazo mais longo se deve a casos de combinações insatisfatórias abaixo de 80% de compatibilidade em que a equipe realiza o mapeamento manual gratuito com retorno em até 72h para a contratante:

“Estamos sempre aprendendo. Eventualmente, um macth ficou abaixo do esperado para o contratante. Quando isso ocorre, é possível solicitar um match manual e uma pessoa do time vai buscar os fornecedores em até 72h com base nos critérios do porquê não gostou dos matches anteriores. Às vezes, era um erro da base ou era algo tão específico que não tínhamos a empresa na base mesmo. E por que fazemos tudo isso de graça? Porque queremos ter os melhores fornecedores de TI na nossa base e de todos seguimentos. Isso tende a ser cada vez menos comum na zona cinza de apenas 80% de compatibilidade”, detalha Ramos sobre o negócio.

O prazo mínimo de 30 minutos de resposta também tende a diminuir. Didier Oliveros, CDO da MatchIT e pesquisador senior de pós-doutorado no Instituto de Computação (IC) da Unicamp, explica que hoje o modelo de IA dá a resposta de combinações em poucos segundos, mas só roda em intervalos de 30 minutos para equilibrar a demanda e os custos de consumo da nuvem. A expectativa é que conforme o volume de dados aumente e o algoritmo fique mais “esperto”, esses prazos diminuam com resultados em “tempo real” à solicitação.

Para aperfeiçoar a plataforma, a startup conta com uma parceria em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com o IC Unicamp e recursos de mais de R$ 298 mil aprovados no programa de fomento Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (PIPE Fapesp). Ambos convênios foram aprovados em julho de 2022.

Segundo o professor e coordenador do projeto em parceria com a Unicamp, Marcelo Reis, para tornar a plataforma cada vez mais eficiente, além de aumentar a base de fornecedores, é necessário desenvolver e aplicar métodos de Aprendizado de Máquina (Machine Learning) para o algoritmo aumentar o percentual de compatibilidade e acurácia de resultados para cada demanda:

“O mercado de tecnologia da informação é muito amplo e cada pessoa tem um jeito diferente de expressar demandas similares. Por isso, o modelo tem que ter capacidade de entender o diálogo em linguagem natural, fazendo recomendações assertivas de acordo com cada caso. O projeto também prevê a pesquisa sobre como utilizar a interação e a retroalimentação dos usuários para melhorar o modelo, cujo resultados poderiam ser incorporados ao ambiente de produção da empresa”, comenta o docente.

Além do fomento PIPE FAPESP, a MatchIT também acaba de fechar uma rodada de captação de capital pré-semente de aproximadamente R$ 700 mil com a participação de investidores privados e membros das redes UniAngels, Anjos do Brasil e FEA Angels. A CEO explica que os investimentos serão aplicados em mais melhorias na plataforma, por exemplo, a inclusão de selos de qualificação de fornecedores considerando uma série de critérios, como práticas de ESG, e no aumento da base de usuários. Atualmente, a startup agrega na plataforma 650 empresas (220 compradores e o restante fornecedora de TI) e prevê chegar a 2.500 usuários entre 12 e 18 meses.

Em menos de um ano de atuação no mercado, a empresa que compõe o ecossistema da Unicamp e está hospedada no prédio Núcleo do Parque Científico e Tecnológico da Universidade,emprega diretamente 11 pessoas e está com quatro vagas de pesquisa e de liderança em inovação na área de TI abertas a partir do financiamento PIPE FAPESP (confira as vagas abertas aqui). Dois alunos de mestrado, sob orientação do professor Marcelo Reis, também participam do desenvolvimento do projeto firmado em parceria com o IC Unicamp para melhorar o algoritmo.

Trajetória por ecossistemas de empreendedorismo

Logo Unicamp Ventures com o escrito e um arco com degradê do verde ao azul. Fim da descrição

Além de empreendedora em série, Rose Ramos também é atuante em diversos ecossistemas empreendedores. Ela ajudou a fundar o fundo anjo iAngels Brasil ligada aos ex-alunos da IESE Business School, é fellow do Latitud que reúne empresas de tecnologias na América Latina e também conselheira do fundo anjo da Unicamp (UniAngel) e do grupo Unicamp Ventures, fomentado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que produz conteúdo (como esta matéria) e eventos reunindo as empresas-filhas da Universidade.

Outros empreendimentos fundados por pessoas que têm ou tiveram vínculo com a Universidade, tais como alunos, ex-alunos, docentes e funcionários ou ex-funcionários, podem compor gratuitamente o ecossistema Unicamp Ventures.

A Inova Unicamp está com o cadastro aberto para mapear novas empresas de seu ecossistema. Saiba mais e se cadastre em: https://www.inova.unicamp.br/cadastro-filhas/