Com linha própria, empresa-filha da Unicamp oferece equipamentos para área veterinária

Foto em galpão da empresa onde aparecem tr~es homens e duas mulheres que comandam a SDAMed. Eles estão ao lado de um palet onde estão empilhadas caixas de papelão com o logotipo da empresa em vermelho e preto. Fim da descrição.

A empresa tem alçado crescimento com linha própria de produtos e acaba de obter licenciamento para desenvolver equipamento que nasceu na Universidade. Entre os seis sócios da SDAMed, quatro são ex-alunos da Unicamp.


Esta matéria faz parte da série de reportagens produzidas pela Inova sobre as empresas que compõem o ecossistema empreendedor da Unicamp. Saiba que tipos de empresas podem integrar esse ecossistema e como se cadastrar na página de Vivência Empreendedora

Autor: Redação Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

 

A SDAMed é uma empresa-filha da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que tem entre os seis sócios – todos da mesma família – quatro ex-alunos que passaram pela Universidade. A empresa que nasceu em 2005 como incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp, sob gestão da Agência de Inovação Inova Unicamp, hoje, destaca-se no desenvolvimento de equipamentos inovadores para uso veterinário após mudar a rota do negócio, inicialmente focado na saúde humana. 

“A gente começou a encontrar demandas para o mercado veterinário, que é muito carente. É um público que está acostumado com equipamentos adaptados da medicina e não com produtos desenvolvidos para o setor. Foi então que passamos a focar 100% neste público, desde pequenas empresas até grandes hospitais”, conta Glauco José Rizzanti Pereira, sócio e diretor de desenvolvimento da SDAMed e ex-aluno da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp.

Atualmente a empresa possui duas linhas de produtos: ventilador e foco cirúrgico – uma espécie de luminária utilizada em cirurgias – que possui 12 modelos. Até o final de 2023, deve finalizar o doppler para medição arterial. Para 2024, mais outras duas linhas devem ser lançadas. 

Entre as razões para a SDAMed desenvolver os produtos veterinários estão  as constantes reclamações de profissionais da área que afirmam não encontrar no mercado equipamentos adequados e com valores compatíveis ao que é cobrado pelos procedimentos realizados em animais.

“Se o veterinário comprar equipamentos que são utilizados em humanos para fazer os atendimentos, ele certamente sairá no prejuízo. Nosso foco cirúrgico, por exemplo, tem as mesmas especificações e custa metade do valor do modelo utilizado por médicos”, afirma Pereira. 

Diante disso, a SDAMed adotou uma filosofia diferente do que se apresenta neste mercado e passou a desenvolver soluções específicas para o médico veterinário ao invés de apenas adaptar os equipamentos usados na saúde humana.

Nesta trajetória, a empresa conseguiu alçar crescimento de equipe e espaço. De uma sala alugada de 70 m² em 2015, por exemplo, recentemente mudou-se para um galpão próprio de mais de 1,2 mil m², localizado em Paulínia-SP, e conta hoje com cerca de 20 pessoas na equipe. 

Desafios que impulsionaram a mudança de rota 

A ideia de negócio surgiu, em meados de 2005, quando Pereira ainda estava na graduação, no curso de engenharia elétrica, na FEEC, junto com mais dois amigos.

Trata-se de um homem branco, de olhos azuis e barba e cabelo grisalhos. Ele olha para a câmera e veste uma camisa polo preta, como o logo da SDAMed. Ao fundo, estão caixas de papelão também com logotipo da empresa.

Glauco José Rizzanti Pereira, sócio e diretor de desenvolvimento da SDAMed e ex-aluno da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp.

“Na época, nós gostávamos de desenvolver equipamentos para banda de música, mas víamos que não tinha futuro. Então, começamos a montar um modelo de negócio para desenvolvimento de equipamentos médico”, conta Pereira. 

O pai de Pereira, Jorge Salomão Pereira, que se formou no mesmo curso que o filho, na Unicamp, já era empreendedor da área de tecnologia e estimulou a elaboração de um plano que foi selecionado para incubação na Unicamp.

No entanto, com dificuldades de investimento e de aprovação dos procedimentos em órgãos reguladores da área da saúde, a empresa passou a trabalhar com revenda de equipamentos veterinários.

“Em 2015, os sócios saíram dos seus trabalhos e passaram a focar totalmente na empresa. Foi então que crescemos 100%. Com a revenda, passamos a conhecer a demanda do mercado veterinário e decidimos que queríamos desenvolver para este setor”, disse. 

Segundo o engenheiro, a área de veterinária permite testar os produtos com mais facilidade e de forma mais barata. No entanto, mostra-se mais desafiador, uma vez que os animais têm morfologias diversas, diferentemente do ser humano. 

“Um cachorro de 70 quilos é bem diferente de um gato, por exemplo. Tecnicamente é mais desafiador, porém, do ponto de vista regulatório é mais acessível. Se somos capazes de desenvolver uma tecnologia para uso veterinário, para uso humano torna-se mais fácil”, disse.

Licenciamento da Unicamp para desenvolver neurolocalizador 

Um dos frutos da proximidade com a Unicamp é o licenciamento de um neurolocalizador para aplicação de anestesia regional em pacientes. A parceria foi negociada no final de 2022, com apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp.

Na foto, um homem manipula, em cima de uma mesa, materiais utilizados na produção dos equipamentos; outro homem observa do outro lado da mesa.

Funcionários na sede da SDAMed, em Paulínia-SP, onde é desenvolvido parte dos produtos do portfólio.

O neurolocalizador é um equipamento utilizado para localizar o nervo de um paciente para aplicação de anestesia. Com a agulha deste aparelho, o profissional diminui a corrente elétrica até saber onde está o nervo e, assim, aplicar o anestésico. 

Os aparelhos disponíveis dependem de um ajuste manual, em que o anestesista tem de reduzir a corrente elétrica conforme aproxima-se do nervo. A nova tecnologia, desenvolvida pelo professor Antônio Augusto Fasolo Quevedo e pelo pesquisador Carlos Alexandre Ferri  – ambos da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp – , diminui a corrente elétrica de forma automática.

Na SDAMed, o produto está na fase “High-level design”, em que são levantadas informações no mercado para elaboração do documento que irá descrever a arquitetura do produto. 

“Licenciamos a tecnologia da Unicamp que será o core do novo produto, mas precisamos definir o formato. Conhecemos o que está disponível no mercado, mas nem sempre eles atendem às necessidades do médico veterinário”, afirmou Pereira.

As parcerias com a Unicamp, segundo o ex-aluno, são promissoras pois permitem que as empresas deem continuidade no desenvolvimento de tecnologias inovadoras, sem ter de começar do zero. 

“A minha relação com a Unicamp, nos ajuda muito. Quando temos um problema, busco colegas, professores e indicação de estudantes que possam nos ajudar. Como ex-aluno e ex-incubado, acredito que essa relação irá gerar ainda mais bons frutos”, disse.

 

Ecossistema da Unicamp

Esta matéria compõe a série de reportagens produzida pela Inova sobre empresas que fazem parte do ecossistema da Unicamp. São consideradas empresas-filhas da Unicamp os empreendimentos fundados por pessoas que têm ou tiveram vínculo com a Universidade, tais como alunos, ex-alunos, docentes e funcionários ou ex-funcionários. Além de empresas que foram incubadas na Incamp ou criadas a partir de uma tecnologia desenvolvida na Universidade, as chamadas empresas spin-off.

A Inova Unicamp mantém o cadastro aberto para mapear novas empresas de seu ecossistema. O cadastro é gratuito e abre a oportunidade para a empresa se integrar ao ecossistema empreendedor da Universidade. Acesse aqui: https://www.inova.unicamp.br/cadastro-filhas/