Indústria de bebidas e alimentos se beneficia de patente com tecnologia desenvolvida pelo CNPEM

Coquetéis enzimáticos serão explorados comercialmente por startup de Campinas; chegada ao mercado deve acontecer em até três anos

Dois coquetéis enzimáticos, desenvolvidos para a indústria de bebidas e alimentos por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), estão prestes a receber o passaporte para sair dos muros do Laboratório e chegar ao mercado. A nova tecnologia enzimática será licenciada para a TecBeer, startup nascida em Campinas (SP) pelas mãos do engenheiro químico e especialista em bebidas, Rubens Mattos. A cerimônia de assinatura do licenciamento de duas patentes aconteceu no campus do CNPEM no dia 18 de junho.

Os coquetéis enzimáticos – espécie de “suplementos” compostos por uma série de proteínas (enzimas), cada qual com diferentes funções – atuarão no melhoramento do processo de produção de dois itens bem conhecidos: cerveja e extrato de guaraná, este com uma série de aplicações nos setores de bebidas, alimentos e suplementos. A Planta Piloto do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), que integra o CNPEM, será utilizada para o escalonamento dos processos, etapa intermediária entre o desenvolvimento experimental em bancada e a aplicação do produto na indústria. A previsão é que os coquetéis comecem a ser comercializados em até três anos.

No caso da cerveja, a tecnologia deve acelerar o processo de fabricação da bebida e introduzir um método mais avançado e rápido de mosturação, também chamada de brassagem, etapa em que os grãos passam por água quente para ativação das enzimas. Para o extrato de guaraná, as enzimas terão o papel de otimizar o preparo de um extrato rico em cafeína e taninos, envolvendo uma etapa de hidrólise (cozimento) das sementes e consequente recuperação do extrato. As aplicações desse composto devem beneficiar a indústria de bebidas, de alimentos e de suplementos alimentares.

Dominar a tecnologia enzimática é um processo crucial para as empresas – hoje, grande parte dos coquetéis utilizados pela indústria são importados, fator que impacta diretamente os custos de produção e comercialização dos produtos. “Temos planos de sublicenciar os dois coquetéis. Assim, o CNPEM entra com o know-how de desenvolvimento e a TecBeer com o know-how de aplicação e comercialização. O terceiro elemento nesse processo são os players do setor, ou seja, empresas que já produzem enzimas diversas e têm estrutura física para garantir produção em larga escala”, conta Rubens Mattos, fundador da TecBeer. “Não estamos apenas produzindo enzimas, mas trazendo conhecimento e competitividade para o país”, avalia.

De acordo com Eduardo Couto, diretor do CTBE, o coquetel enzimático licenciado pelo CNPEM irá gerar royalties, cifras que serão reinvestidas em outras atividades de pesquisa do Centro. “Resultados da pesquisa que o IBGE realiza a cada três anos com empresas – PINTEC 2014 – indicam que a maioria daquelas que se dizem inovadoras na área de biotecnologia, consideram de baixa relevância as informações oriundas de centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e universidades”, explica Couto. “Essa parceria demonstra o esforço do CTBE/CNPEM em quebrar tais barreiras e sua relevância no fortalecimento do ecossistema local de inovação ao auxiliar no escalonamento de tecnologias”, finaliza.

Toda a customização das enzimas foi realizada por pesquisadores Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e do CTBE.

Sobre o CNPEM

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC). Localizado em Campinas-SP, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina e está, nesse momento, construindo Sirius, o novo acelerador brasileiro, de quarta geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da Biociência, com foco em biotecnologia e fármacos; o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) investiga novas tecnologias para a produção de etanol celulósico; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país.

Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos.

Sobre a TecBeer

A TecBeer Desenvolvimento Tecnológico está focada em aplicar os conhecimentos  científicos gerados no Brasil para aumento da competitividade da indústria de bebidas do país. Com amplo conhecimento técnico, prático e comercial das necessidades da indústria de bebidas, a TecBeer gera demandas de pesquisa científica aplicada para os ICTs. Gerada a tecnologia, a TecBeer realiza testes piloto e industriais para demonstrar os benefícios do uso aos usuários finais.