Tudo EP | Composto encontrado em semente de maracujá melhora protetores solares

Foto de uma colher com polpa de maracujá apoiada em uma mesa com partes da fruta. Fim da descrição.

PESQUISA CONDUZIDA NO INSTITUTO DE QUÍMICA RESULTA EM PATENTE DE MÉTODO PARA EXTRAÇÃO DE PICEATANOL POR MICRO-ONDAS

Uma pesquisa desenvolvida no IQ (Instituto de Química) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) extraiu da semente de maracujá o composto piceatanol, que pode ser usado para potencializar os efeitos do protetor solar.

Mesmo que estudos anteriores pudessem apontar propriedades fotoprotetoras e antioxidantes do piceatanol benéficas para a pele, a atual pesquisa se diferencia porque faz uso do método de micro-ondas para extraí-lo da semente do maracujá, aproveita elementos naturais centrais da produção brasileira, dando destino a semente dessa fruta, que costuma ser descartada.

A pesquisa é de autoria da doutoranda Gisláine Corrêa Silva com orientação da professora do IQ e coordenadora do Novacrom (Laboratório de Pesquisas em Cromatografia Líquida), Carla Bottoli, e tem o pesquisador do CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas), Rodney Rodrigues, como co-orientador do estudo.

Foto posada com a pesquisadora Gisláine, que está de jaleco branco, com óculos de armação branca e tem cabelos castanhos. O registro é feito em ambiente interno, no laboratório, e conta com elementos como computador e outros equipamentos utilizados na pesquisa.

Gisláine Corrêa Silva (Foto: Unicamp)

Como funciona?

Os protetores solares têm por objetivo atuar como barreira a radiação ultravioleta do Sol. Baseados em sua ação, podem ser classificados em:

  • Inorgânicos/Físicos: refletem a radiação de volta ao ambiente
  • Orgânicos/Químicos: absorvem os raios e devolvem a energia ao ambiente em forma de calor

A ação dos orgânicos impede danos às células da pele. Ainda assim, não há 100% de bloqueio em nenhum caso, fazendo com que a indústria busque por componentes que possam aperfeiçoar a ação antioxidante e regenerativa da pele. Com medidas para redução da interação entre radiação ultravioleta e camadas profundas da pele, eventos como envelhecimento precoce da pele e surgimento de cânceres poderiam ser suavizados, de acordo com Silva.

O composto estudado pela doutoranda “possui uma certa capacidade de absorção da radiação ultravioleta, mas é instável para atuar como filtro solar. No entanto, as atividades antioxidantes e protetoras do colágeno fazem dele um potencial ativo de origem natural para fotoprotetores”.

Então, a pesquisa se voltou para verificação do potencial de penetração do piacetanol na derme quando formulado junto aos tipos de filtros solares acima descritos e sua interação junto a outro composto, o espilantol, que promove essa penetração e já é usado pela cosmetologia.

Extração

Antes disso, porém, o trabalho teve uma primeira etapa centrada no estudo da extração do piceatanol das sementes de maracujá. O método escolhido foi a extração assistida por micro-ondas, que apesar de pouco convencional, mostrou bons resultados pois permitiu a ação sobre as moléculas seletivamente e em tempo reduzido de processamento. Com essa técnica, os pesquisadores conseguiram uma patente e isso possibilita que outras empresas façam uso da inovação.

O extrato em pó obtido teria uma aparência mais atraente em relação a cosméticos e contaria com alta concentração de piceatanol, restando analisar a eficácia do composto. Isso foi feito com o espilantol e outras três formulações:

  • Creme-base
  • Filtros solares inorgânicos
  • Filtros solares orgânicos

Sendo incompatível com os inorgânicos, tendo potencialização dos efeitos quando com os orgânicos e espilantol e com melhor interação com formulações oleosas. A membrana sintética foi usada no experimento como modelo de pele e constatou-se a possibilidade de o composto atingir a derme.

Leia mais: Extrato de semente de maracujá enriquece protetores solares.

Matéria originalmente publicada no site Tudo EP.